terça-feira, 8 de janeiro de 2019

soturno sol...


A logomarca do governo bozo  é dura, rígida, fria. Tanto a área representando nosso céu quanto a que sugere nossas  matas   estão sob  verde-oliva-militar envolto em   sombras. E o amarelo não é mais o amarelo-ouro ou amarelo-girassol: pelo exagero do sombreamento, tornou-se amarelo chumbo.  Cassaram as estrelas, talvez por associarem paranoicamente a ideia de estrela com  o partido que tem uma como seu símbolo... Há uma ambiguidade no globo que aparece apenas pela metade: ele não é mais uma abóbada celeste, parecendo mais um sol eclipsado. Quem criou tal associação da ideia do sol com tal tom de azul desconhece não apenas o simbolismo das cores, como também o dos afetos. Além disso, tal azul não é o do céu ou do mar, cujos tons  são mais brilhantes e vivos. Esse tom de azul  costuma representar, na psicologia, estados mentais ensimesmados, intelectual e afetivamente  embotados. O globo parece mais um sol frio que perdeu o amarelo-chama da vida intensa. A faixa branca da  “Ordem e Progresso”  lembra um corte violento que divide a bandeira  ao meio, como fizeram com a placa de rua com o nome da Marielle, simbolizando um país que não está inteiro. O lema “Pátria Amada” retoma a  palavra de ordem da ditadura ,  agora  requentada. E a cor das letras reproduz o mesmo azul-soturno daquele sol que não aquece ninguém.


Nenhum comentário: