No poema “Achadouros”, Manoel de Barros nos fala de uma senhora, a "negra Pombada, remanescente
de escravos do Recife", que contava
aos meninos sobre Corumbá ter “achadouros” , que eram buracos feitos pelos
holandeses em seus quintais para
esconderem suas moedas de ouro, antes de fugirem apressadamente do Brasil.
Durante muito tempo em Corumbá, movidos pelo desejo de encontrar tais tesouros
, os homens escavaram quintais para ver se ali achavam ouro...
Manoel diz que poeta é quem busca achadouros também, mas o tesouro que ele
deseja achar é outro : o poeta escava o ordinário até achar o extraordinário; ele escava o tempo até
achar a eternidade; ele escava o “mesmal” até achar a novidade; ele escava a si
mesmo até achar a criança que ainda não morreu.
Onde tudo parece estar acabado e
morto, o poeta escava e acha/inventa inauguramentos, minadouros: “O homem
somente acha nas coisas aquilo que ele mesmo nelas pôs. O ato de achar se
intitula ciência; o ato de pôr se chama arte.” (Nietzsche)
Nenhum comentário:
Postar um comentário