Lutar pela liberdade é realmente fazer a jurisprudência,
o que importa é a jurisprudência.
Deleuze
Quando Zeus, o deus da justiça, venceu a tirania de Crono, percebeu que a luta contra a tirania ainda não havia acabado. E se houvesse um tirano escondido no lugar em que poucos procuram? Para aquele que vai exercer algum tipo de poder sobre os outros, é nesse lugar que ele deve olhar primeiro, para ver se ali se esconde um usurpador, um tirano. Então, Zeus resolve desposar Métis para que esta o auxiliasse nessa procura, pois ela é a deusa que vai até esse lugar onde os tiranos se escondem. Quando se diz: “fulano age meticulosamente”, usa-se a raiz “métis”. Esta palavra significa “´prudência” ( em latim, “caute”, palavra-raiz da Ética de Espinosa ). Após a lua de mel, Zeus pede a Métis que se transforme em uma árvore ( ela tinha o dom de metamorfoses). Métis atendeu. Depois, Zeus pede que ela vire uma folha, Métis uma folha deveio. “Tenho um último pedido”, disse Zeus, “que você vire uma gota de orvalho”. Quando Métis virou tal gotícula, Zeus rapidamente a sorveu: ao entrar, ela foi matando todos os germes de tirania que estavam dentro de Zeus, e que ele desconhecia. Ele que já era o deus da justiça, ao trazer a prudência para dentro de si fez nascer nova virtude ético-política: a jurisprudência.
Nenhum comentário:
Postar um comentário