Na mitologia, o touro é o animal de Zeus e também de Dioniso, mas não como um
animal de estimação. O touro era uma expressão, uma manifestação ou metamorfose
dos próprios deuses. Não qualquer touro, mas o touro branco. Fala-se muito do
amor do grego pelo cavalo e do quanto este animal foi a força motriz daquela
civilização. Porém, mais fascínio nutria o grego pelo touro, pois esse animal
era a ponte viva do grego com a
natureza. No cavalo o grego montava ,para guerrear ou trabalhar a terra. Mas o
touro não deixava subir em seu dorso soldados, generais, camponeses e nem mesmo
reis.
Quando quis enamorar-se com Europa, foi sob a
forma de um touro que Zeus lhe apareceu. Somente Europa , o continente de
tantos e diferentes povos, o touro-deus
deixou que subisse em seu dorso, para assim fugir com ela, adentrando pelo
mediterrâneo. Desse amor nasceu a mais
brilhante das constelações que se pode ver no céu, exatamente a constelação de
touro. Essa constelação é a mais próxima da terra, pois da terra são os touros.
Zeus fez-se constelação para que da terra os homens pudessem vê-lo, para assim
se orientarem em viagens pelo mar quando fossem ousar buscar terras ainda não
existentes em mapas. Os reis humanos pensam ser leões, mas o touro escolhem ser
as divindades.
Dioniso se locomovia em uma carruagem
puxada por panteras. Contudo, não eram tais feras mais próximas de Dioniso do
que o touro. Este animal é a expressão mais indestrutível da força vital , mais
do que o leão ou o urso, mais até que o
elefante. Etimologicamente, “touro” significa: “ser forte”. Entre nós, o nome
de um ser é escolhido bem antes de o ser nascer. Entre os povos antigos, porém
, o próprio nome também nascia: ele nascia como expressão do ser que ele
designava. Era o ser que comandava o nome, e não o nome comandando o ser. Daí a
força que tinha o símbolo nessas culturas, pois os símbolos vinham diretamente dos aspectos e
acontecimentos constituintes de um ser. O nome é um dos principais símbolos que
nos permitem conhecer um ser. E conhecer um ser é saber do que ele é capaz, do
que ele pode, qual sua potência.
No dionisismo, o touro é a expressão indomável da vida. Pode-se domar um leão ou um
elefante para colocá-los em um circo, porém nunca se pode domar um touro. Não
obstante, sabe-se que os touros são leais. Não leais como cães, leais como um
guerreiro nobre . Eles são leais, acima de tudo, à sua nobreza. Na hierarquia guerreira,
inclusive, os escudos que trazem a efígie de um touro são mais temidos e
respeitados do que aqueles que mostram um leão.
São raros os touros, porém. Não se
deve confundi-los com os bois. O touro
não é gado, ele não vive em rebanho nem puxa arado. O gado alimenta os lobos,
porém do touro até mesmo os lobos fogem. Estranhamente, o touro é naturalmente
calmo, porém nada o segura se uma fúria o toma.
Não por acaso, o minotauro, híbrido
de homem e touro, é o ser enigmático dos labirintos. O labirinto não é uma
jaula, como aquelas que encerram tigres e leões; no entanto , o labirinto prende mais do
que se tivesse grades e fechaduras de aço. Ele assim prende porque ele deixa ,
a quem lhe adentra, margem para escolha: é de livre vontade que nele se prende
e se perde.
O minotauro come carne humana não
para satisfazer a metade touro, mas a
parte humana. Os touros são vegetarianos. Os touros não são cruéis , eles
apenas se defendem. A crueldade do minotauro vem da besta que vive na metade que é homem, aproveitando-se da força
taurina.
No minotauro, o animal é a parte
relativa ao touro, porém é na parte humana que se encontra a besta. O animal é
irracional, mas muito inteligente pode ser a besta. A besta não é nenhum animal
determinado. A bestialidade é um fundo obscuro que habita todo animal. Contudo,
o instinto que age em uma espécie determinada protege o animal individual desse
fundo indeterminado que não pertence a espécie alguma. No homem, porém, é na
individualidade que se perdeu do todo que a besta sobe e ganha um rosto humano,
desumanizando-o. Somente no homem a besta pode subir e ter um rosto, valendo-se
até mesmo da inteligência, pondo-a a seu serviço na bestialidade da guerra, na
bestialidade da violência, na bestialidade da corrupção e do acúmulo doentio de
coisas.
Há também bestialidades simbólicas. Nesse âmbito, a besta se converte em besteira. A palavra é o veículo típico da besteira.A besteira é a bestialidade dita, falada. A bestialidade se mostra em ações torpes , a besteira ganha corpo nas palavras que nada dizem, senão besteiras. A besteira mais perigosa não é a da palavra gratuita, descompromissada. A besteira mais perigosa é aquela que pensa ser a portadora de uma Verdade que apenas ela pode dizer, pondo-se em ódio contra todas as outras formas de dizer palavra. Assim como na bestialidade, na boca que profere besteiras está ausente a humanidade.
Há também bestialidades simbólicas. Nesse âmbito, a besta se converte em besteira. A palavra é o veículo típico da besteira.A besteira é a bestialidade dita, falada. A bestialidade se mostra em ações torpes , a besteira ganha corpo nas palavras que nada dizem, senão besteiras. A besteira mais perigosa não é a da palavra gratuita, descompromissada. A besteira mais perigosa é aquela que pensa ser a portadora de uma Verdade que apenas ela pode dizer, pondo-se em ódio contra todas as outras formas de dizer palavra. Assim como na bestialidade, na boca que profere besteiras está ausente a humanidade.
Matando o touro, o toureiro se vinga da natureza
inteira, incluindo a que está nele. O toureiro mata o touro para satisfazer a
besta vingativa que mora nele, e que se
compraz com sangue. O homem-besta é o minotauro menos o touro.
Ah...meu Deus, eu nasci em maio, sou
touro! Assim diz o horóscopo em seu simbolismo...Que eu possa ver no céu tal
constelação sempre comigo, para assim não me perder no caminho que me leva a mim
mesmo.
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