Há três modelos de educação: a
Academia, o Liceu e os Jardins. Foi Platão quem inventou a Academia. Na porta
da Academia Platão afixou a seguinte placa: “Só pode entrar aqui quem for geômetra”. Assim, na Academia de
Platão somente eram ensinadas
coisas exatas: fórmulas, dogmas,
gramáticas . Os poetas eram proibidos de
entrar lá. Já o Liceu é obra de
Aristóteles. Este queria mostrar que há ordem não apenas na matemática, a ordem
também existe na própria natureza. Para
provar isso, Aristóteles recolhia flores
de uma mesma espécie e dizia: “apesar de
cada indivíduo ser diferente, todos nasceram de um mesmo molde : tudo o que
existe se explica por uma Identidade-Padrão". Quando um aluno mais curioso ia
explorar o mundo e aparecia com uma flor
diferente, uma flor única e rara,
Aristóteles mandava jogar a flor fora, alegando que a diferença é um erro da
natureza que nos afasta da Razão. Foi Epicuro que aprendeu a fazer dos jardins
salas de aula: como espaço aberto
à natureza multivariada. E as flores diferentes que a Razão homogeneizante desprezava ,
Epicuro as acolhia em seu jardim, as plantava e regava. Ao invés de tabuada e gramática, cantos e
cores. No lugar de moral e cívica, ética e artes . Não apenas a alma dizia “presente” na hora da chamada, também dizia “presente” o corpo, com a vida
intensificada. A ideia de “jardim” sobreviveu ao tempo e às perseguições , e sua semente ainda vive nos nossos “jardins de infância”. Havia
algo da infância nos jardins de Epicuro, como (re)invenção de um devir-criança , feito a “não velhez” do poeta
Manoel de Barros . Hoje, a academia se tornou sinônimo de universidade, isso é
fato. Os fascistas querem que nela se
ensinem apenas cartilhas e tabuadas, ordens exatas que adestrem para o “mercado”.
A universidade é composta de bibliotecas
, laboratórios , refeitórios, isto é,
coisas físicas, e mais os educadores e
estudantes, a sua parte viva. Quando
educadores e estudantes se unem para proteger e intensificar essa vida, mostrando ao povo que o saber ali produzido também faz parte de
sua vida, a universidade então sai dos
muros da academia, ganha praças e ruas, e se torna novamente Jardim de Epicuro:
conhecimento unido à vida.
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