quarta-feira, 30 de março de 2022

a filosofia como medicina da alma: homeopatia, remédio e vacina

Para os estoicos, a filosofia é inseparável de certos “exercícios”. Ou seja, a filosofia é uma prática não exclusivamente teórica. 

Desses exercícios, o primeiro e mais importante deles  é a atenção (prosochè).Sem atenção perseverantemente exercitada, não há pensamento e ação fortalecidos.

É um erro dizer: “não consigo prestar atenção nesse filme, ele é muito lento”, “não consigo prestar atenção nesse livro, ele não tem figuras”. Pois não é algo externo que deve despertar nossa atenção, somos nós mesmos que devemos despertar nós mesmos: toda prática de atenção é, antes de tudo, um prestar atenção a si. Quem depende de algo externo barulhento e agitado para ter a atenção despertada, é porque não presta atenção em si.

Meditar, por exemplo, é prática de prestar atenção na nossa respiração. Até o silêncio requer que prestemos atenção nele. E não há como alguém discordar ou concordar com  algo que o outro  diz  sem prestar  atenção não só nas palavras, mas  também nos gestos e até mesmo nos silêncios  do outro que nos fala.

Prestar atenção não é projetar “certezas” ou (pré)julgamentos, e sim abrir-se para aprender, vivendo. Pois de toda atenção faz parte também o corpo, uma vez que a atenção requer sensibilidade ativa e atuante.

Assim, prestar atenção não é querer encontrar nas coisas o que (pré)concebemos delas. Ao contrário, prestar atenção também é estar atento a essas ideias pré-concebidas que , dentro de nós, impedem que em nós entrem coisas novas.

A atenção não se faz no passado e nem no futuro, pois é sempre no presente, como abertura atenta a  ele, que toda atenção acontece e ensina , assim  auxiliando a nos libertar de condicionamentos passados e de projeções e expectativas futuras  que só trazem medo, insegurança e angústia.




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