Segundo Espinosa, quanto mais realidade possui um ser, mais ele atrai os outros seres de modo semelhante a como o amado atrai o amante. Ao contrário, quanto mais impotente é um ser , mais ele precisa da mera força bruta para agir sobre os outros seres, sempre encontrando a resistência desses.
Mas quem ama o pensamento não resiste:
entrega-se inteiro , como as asas que ,
para serem livres, entregam-se ao voo.
Ainda não descobriu tudo o que
pensamento pode quem imagina que ele age sobre nós tal como um bruto nos
obrigando à força.
Na verdade, o pensamento é como o amado que nos
torna amantes dele quanto mais pelo pensar nos afetamos, desde que ele seja descoberto.
Quem sabe amar, sabe que nunca sabe tudo
o que amor pode. Quem ama o pensamento,
não ama apenas o pensamento, ama igualmente tudo aquilo que o pensamento
compreende.
Não há ódio pior do que o ódio ao
pensamento. Esse ódio recebe o nome de “ignorância” (em suas diversas formas).
E quem odeia o pensamento não odeia apenas o pensamento, também odeia a
compreensão e tudo o que pode alimentar-se dela.
Quem ama o pensamento também ama a
realidade que o pensamento conhece e pensa. Quem odeia o pensamento apenas opina
sobre a realidade, sendo tal opinião a expressão reativa de um ódio à realidade e à vida.
"Poesia é voar fora da asa."(Manoel de Barros)
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