Uma das funções da educação é mudar as pessoas, por dentro e por fora, em suas ideias e ações. Uma criança que se educa, por exemplo, cresce por dentro e por fora, deixa de ser infantil ( o adulto que não se educa cresce apenas por fora, permanecendo infantil por dentro, isto é, imaturo).
A educação
produz ideias críticas e criativas, potencializando a mente para ser também
autocrítica. A educação muda a criança: faz nascer nela a cidadã. A educação
não muda a criança para ela deixar de ser si mesma, a educação muda a criança
para ela se desenvolver , se potencializar e descobrir a si mesma.
Todos já
repararam nisto: a Inteligência Artificial e seus algoritmos não mudam as
pessoas, e sim reforçam o que as pessoas já são. Se uma pessoa pesquisa as
coisas mais absurdas e vis na web, a IA e seus algoritmos fornecem mais do
mesmo , em profusão e quantidade, e com isso extrai lucro até mesmo das
perversidades e vilezas de quem procura tais conteúdos na web.
A IA e seus
algoritmos não desenvolvem o espírito crítico e nem a independência de
pensamento . Aliás, a IA não lida com conteúdos, pois ela “entende” apenas
aquilo que os linguistas chamam de “significante”. O significante é a parte
material da linguagem, enquanto que o “significado” é o conteúdo que se forma
numa mente ou consciência.
A IA entende
apenas o significante que digitamos ou falamos para ela, e traduz esse
significante para uma linguagem que é dela, uma linguagem matemática indiferente aos valores. A IA não
possui mente ou consciência, e é por isso que ela pode servir aos acéfalos e os
acefalizar ainda mais .
O problema não
está na IA , claro, e sim no uso que se faz dela. Mas o que esperar do uso da
IA de alguém que se identifica com um “rato”? ( como o governador “Ratinho Jr”
do Paraná que está privatizando as escolas públicas para colocar IA no lugar
dos educadores). O que esperar de um governador autoritário ( o de SP) que quer
impor como modelo para as escolas não a pólis, a civitas, mas a caserna?
Em ambos os projetos, os dois “ratos”
querem empregar a IA para privatizar e
militarizar as escolas , amordaçando ou tirando o emprego dos educadores.
Isso explica o
ódio desses negacionistas da educação em relação à filosofia , à sociologia e
às artes.
Não por acaso,
Mefistófeles não queria a inteligência de Fausto, pois Mefistófeles sabia que a
inteligência de Fausto não era sua inimiga. Mefistófeles, o “Diabo”, queria era
comprar o caráter e o coração de Fausto , pois somente o caráter e o coração (como
sedes do Afeto) podem ser, quando
potencializados pela educação emancipadora, nossa resistência pensante, nossa
bússola orientadora , nosso remédio curador
e nossa salvação individual e coletiva.
(Chico fará 80 anos no próximo dia 19)
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