terça-feira, 18 de junho de 2024

A coragem como sabedoria do corpo

 

Esta ideia  está tanto em Aristóteles como em Espinosa: a coragem é a primeira das virtudes, todas as outras virtudes dependem dela. Pois é preciso coragem para ser honesto, amigo, justo,  generoso, sábio...

A coragem é corpórea, cordial[1], torácica , enfim, cardíaca: ela nasce do coração ( cordis) . A coragem  é a sabedoria ativa do corpo.

Quando Espinosa afirma que “ninguém sabe tudo o que pode um corpo”, ele está se colocando uma questão ética, concreta, corajosa, que nada tem a ver com as teorizações do intelecto.

Quanto aos vícios éticos, quase todos provêm do intelecto. A inveja, o ciúme, a avareza...Todos esses vícios supõem o cálculo interesseiro, a comparação autoindulgente, a contabilidade de perdas e ganhos, bem como a dissimulação empregando a  linguagem .





   ( Este é um dos maiores livros espinosistas : inspirado na frase de Espinosa que citamos, Michel Serres escreve sobre as potências [ignoradas] do corpo. Existe uma tradução do livro para o português. Infelizmente, na edição brasileira excluíram as ricas imagens que Serres se utiliza como apoio artístico-pictural ao  seu texto  )



[1] Michel Serres, Variações sobre o corpo, capítulo “Coragem”.

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