Esta ideia está tanto em Aristóteles como em Espinosa:
a coragem é a primeira das virtudes, todas as outras virtudes dependem dela. Pois
é preciso coragem para ser honesto, amigo, justo, generoso, sábio...
A coragem é
corpórea, cordial[1], torácica
, enfim, cardíaca: ela nasce do coração ( cordis) . A coragem é a sabedoria ativa do corpo.
Quando Espinosa
afirma que “ninguém sabe tudo o que pode um corpo”, ele está se colocando uma
questão ética, concreta, corajosa, que nada tem a ver com as teorizações do
intelecto.
Quanto aos
vícios éticos, quase todos provêm do intelecto. A inveja, o ciúme, a avareza...Todos
esses vícios supõem o cálculo interesseiro, a comparação autoindulgente, a
contabilidade de perdas e ganhos, bem como a dissimulação empregando a linguagem .
( Este é um dos maiores livros espinosistas : inspirado na frase de Espinosa que citamos, Michel Serres escreve sobre as potências [ignoradas] do corpo. Existe uma tradução do livro para o português. Infelizmente, na edição brasileira excluíram as ricas imagens que Serres se utiliza como apoio artístico-pictural ao seu texto )
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