O cacto é a planta que possui a maior
raiz. A extensão de sua raiz chega a
nove ou dez vezes o tamanho do corpo do cacto que vemos à superfície do chão.
Quem mede o cacto apenas pela sua
parte visível, e pensa que a parte que vê é todo o ser do cacto, por certo ignora o que o cacto é capaz de fazer. O cacto cria imensas raízes para sondar o subsolo ,
não se deixando vencer pela aridez
que o cerca. As raízes do cacto tateiam procurando
veios d’água metros abaixo da paisagem
seca. Ele persevera procurando no coração da Mãe Terra a água que o Céu lhe nega. Quando encontra a
água, o cacto anuncia sua descoberta
brotando flores: em pleno árido , ele
inaugura uma primavera. Então, ele sorve o líquido e se intumesce , de água
fresca ficando grávido. Basta um pequeno furo para a água jorrar matando a sede dos necessitados. Foram os cactos do sertão nordestino que, no
passado, não deixaram morrer de sede a
rebeldia de Lampião e seu cangaço ; e a flor
que Maria Bonita punha no
cabelo também floresceu do cacto. No Nordeste , o cacto é o mais
forte símbolo de resistência da vida . E ainda matou a sede de Lampião e
deixou a Maria ainda mais Bonita.
“Quando não pode ser cristal, a poesia vale pelo que tem de
cacto”(João Cabral de Melo Neto)
( enfeitando a capa do livro de João
, cactos do Nordeste)
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