quinta-feira, 9 de janeiro de 2020

9/1: centenário do poeta João Cabral de Melo Neto


O cacto é a planta que possui a maior raiz. A extensão  de sua raiz chega a nove ou dez vezes o tamanho do corpo do cacto que vemos à superfície do chão. Quem mede o cacto  apenas pela sua parte  visível, e pensa que a parte  que vê é todo o ser do cacto, por certo  ignora o que o cacto é capaz de fazer.  O cacto cria imensas raízes para sondar  o subsolo ,   não se deixando  vencer pela  aridez   que o cerca. As  raízes  do cacto tateiam  procurando  veios d’água  metros abaixo da paisagem seca. Ele persevera procurando no coração da Mãe Terra a água  que o Céu lhe nega. Quando encontra a água,   o cacto anuncia sua descoberta brotando  flores: em pleno árido , ele inaugura uma primavera. Então, ele sorve o líquido e se intumesce , de água fresca ficando  grávido.  Basta um pequeno furo para a água  jorrar matando a sede dos necessitados.  Foram os cactos do sertão nordestino que, no passado,  não deixaram morrer de sede a rebeldia de Lampião e seu cangaço ; e a flor    que Maria Bonita  punha no cabelo  também floresceu do  cacto. No Nordeste , o cacto é o mais forte  símbolo de resistência  da vida . E ainda matou a sede de Lampião e deixou a Maria ainda mais Bonita.

“Quando não pode ser  cristal, a poesia vale pelo que tem de cacto”(João Cabral de Melo Neto)
                                                                                                                                             

( enfeitando a capa do livro de João , cactos do Nordeste)





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