Dia desses li a notícia de que o governo americano comemorava um acordo de redução das bombas atômicas existentes no
mundo. Antes do tal acordo, as bombas atômicas tinham capacidade para destruir
a terra 12 vezes!!!! Agora, após o acordo, o poder de destruição das bombas “caiu” : elas agora podem destruir o planeta
“apenas” 5 vezes!!! E o governo
americano comemorava alegremente isso como prova de que são civilizados... Isso
me lembrou Espinosa, que dizia existir uma estranha alegria :a alegria dos delirantes
se imaginando sensatos.... No mesmo jornal , na seção de economia, havia outra
notícia envolvendo essa mesma
mentalidade insana : a quantidade de capital especulativo
circulando pelo planeta é cinco vezes maior do que a riqueza real que existe na
terra. Capital não é riqueza. Riqueza é terra, trabalho, criatividade, floresta,
tempo, enfim, vida. Riqueza também não é o número estampado na nota ou na
moeda, riqueza é o níquel de que é feita a moeda e a árvore sem a qual não
há papel-moeda: riqueza é o minério e a árvore como potência
e bem comum da terra, da qual ninguém é o proprietário ou dono. Aplica-se aqui aquela imagem : a riqueza é sangue, ao passo que o capital especulativo
financeiro se assemelha mais a um vampiro. Esses vampiros sobrevoam a terra como aves de rapina de olho nas florestas, nos rios, nos
minerais...e também em nosso tempo, em nosso desejo, em nosso corpo, enfim, em
nossa vida e sangue. Enquanto as bombas podem destruir a terra 5 vezes, o capital predatório é
vampiro que quer sugar nosso sangue cinco vezes mais do que todo o sangue que
circula em nosso corpo. Essas notícias
também me lembraram aquele conto da Clarice Lispector no qual ela narra
a morte de um procurado pela polícia “abatido” , diria o protofascista
Witzel, por vários tiros disparados pelas forças repressivas: “ a primeira bala já o acertou e matou. A segunda bala foi por
vingança, a terceira por preconceito, a quarta por ódio aos pobres, a quinta
por pura barbárie mesmo ...e a última bala me acertou”.
Contra os vampiros, sangue nas veias e povo plural nas ruas.
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