Segundo o filósofo Gilles Deleuze,
tudo o que é criativo e potente está sempre “longe do equilíbrio”. Isso vale
para tudo o que tem vida, incluindo poemas e filosofias. Toda
criação coloca o criativo longe
do equilíbrio, embora de pé e ainda mais vivo. Tudo o que experimenta a
liberdade , ou por ela luta, se coloca
longe do equilíbrio. Mas o que explica o ato criativo não é o estar longe do equilíbrio, e sim o
estar perto do perigo. Este é o preço de se ser criativo: viver perto do perigo, o que lhe deixa longe do
equilíbrio ( “equilíbrio” que às vezes nada mais é do que adaptação resignada à
realidade dada, sem agir para mudá-la) . Quem assim está longe do
equilíbrio se assemelha a um equilibrista que atravessa
um abismo: o fio sobre o qual avança é a sua linha de fuga. Tal linha não
começa de um ponto ou ego, ela nasce de um novelo do qual o fio é puxado. Uma
ponta do fio que nos salva do abismo se desenrola do novelo do pensar ativo, ao
passo que a outra ponta avança se
desterritorializando rumo ao horizonte aberto ,
presa a um dardo que deve ser lançado
com o máximo de força que pudermos .
(Foi em uma belíssima aula de Cláudio
Ulpiano sobre Deleuze que ouvi pela primeira vez esta ideia: a filosofia,
enquanto pensar ativo e criativo, não
pode sucumbir às “cicutas” que sempre
lhe querem dar os inimigos do pensamento que dominam em determinada época. O
pensar ativo , que não pertence apenas ao filósofo-artista mas a todo ser criativo, deve
ser como “um dardo lançado que atravesse as eras”)
"O Chapeleiro:
- Estou com medo, Alice. Não gosto daqui!
Minha cabeça está cheia...
Será que sou louco?
Alice:
- Receio que sim...
Você é louquinho.
Mas vou lhe contar um segredo:
As melhores pessoas são."
(Lewis Carroll, Alice no país das maravilhas)
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