“O Grande Inquisidor” é um
capítulo do livro “Os irmãos Karamazov”,
de Dostoiévski. A história se passa na
Inquisição Espanhola, época das hediondas fogueiras a serviço da
intolerância.
Em meio a tanta violência física e
simbólica feita em nome de Cristo, o próprio
Cristo retorna, no meio do povo ( e não “acima de todos”). Para que não houvesse dúvida que era ele,
Cristo faz alguns milagres. Cristo queria assim lembrar aos homens que sua luz nada tem a ver com a chama
trevosa das fogueiras a serviço do ódio, da ignorância e da morte.
Contudo, os soldados da Inquisição
prendem Cristo, acusando-o de ser um perigoso subversivo. Cristo é preso
e torturado pelas próprias autoridades religiosas que diziam falar em seu nome.
É na prisão que acontece o encontro
do Cristo-prisioneiro com o “Grande Inquisidor”, chefe e símbolo do poder
inquisitorial.
De imediato, o Inquisidor se dá conta de que aquele prisioneiro era, de
fato , Cristo. O Inquisidor questiona Cristo por qual razão ele retornou, alegando
que agora era ele, o Inquisidor, que falava em nome de Deus.
O Inquisidor recrimina Cristo por ter amado os homens
julgando que isso os libertaria, e diz
que a única maneira de salvar os
homens é fazê-los renunciar voluntariamente à liberdade, despertando neles o medo e a obediência.
O Inquisidor dizia que não podia
deixar que Cristo retornasse para amar os homens de novo, pois isso poderia
despertar nos homens um amor por eles mesmos, amor esse que sempre vem
acompanhado do desejo de ser livre e pôr a liberdade em prática, ameaçando
assim a Ordem Estabelecida e seus Reis, Tiranos, Monarcas.
Por fim, ele ameaça dizendo que usará seu poder de Inquisidor para mandar erguer a fogueira na qual , em nome de Deus, arderá
o próprio Cristo-prisioneiro.
“Por ordem minha, essa fogueira será acesa por aqueles mesmos que você quer
salvar”, disse o Inquisidor. E completou: “Os homens só querem de você
milagres, não querem a liberdade; com meu poder, eu ofereço a promessa de que
toda a felicidade que eles desejam a terão em outra vida, desde que essa
miserável vida deles de agora seja de obediência cega a mim.”
Durante toda a fala do Inquisidor, o
Cristo-prisioneiro permanece em silêncio, o que deixa o Inquisidor possesso , berrando furioso.
Até que Cristo se levanta e se
aproxima do Inquisidor, que fica assustado temendo receber um tapa. Mas Cristo
chega bem perto e beija de leve o Judas
na boca, e assim o cala.
Ainda em silêncio, Cristo chega à
porta da prisão, que então se abre, assim como todas as correntes.
Antes de sair, Cristo se volta e olha
para o Inquisidor. Queimando no inferno
do seu próprio ódio , o Inquisidor diz suas últimas palavras ao Cristo:
“Vá, e nunca mais volte...”
“Dostoiévski é o único psicólogo com
quem tenho algo a aprender." (Nietzsche)
"O que é inferno? Afirmo que é o
sofrimento de já não poder amar.”(Dostoiévski)
(estarei neste evento)
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