Segundo o filósofo Heidegger, o mundo
atual confunde o “diminuir a distância” com o “criar proximidade”. A tecnologia
diminui as distâncias, sem dúvida. Mas uma coisa é diminuir a distância entre
seres no espaço, outra bem diferente é criar proximidade com o sentido das
coisas, pois tal sentido também é arte, afeto.
Esse sentido nem sempre está dado, às
vezes precisa ser descoberto ou mesmo inventado.
O telescópio diminui a distância
entre a lua e nossos olhos, isso é fato. Porém, quando lemos Manoel de Barros
falando sobre a lua em suas poesias, o poeta não põe a lua perto de nós no
espaço, porém ele a põe a tal ponto próxima que, empoemando-nos, experimentamos
seu sentido também em nós, no "devir-lunar" que nos tornamos.
Quando Cartola diz que “as rosas não
falam”, qual o sentido dessas rosas? O que elas têm que não têm as rosas que
pomos em jarros? Um dia estas últimas murcham, como tudo aquilo que a arte não
salva; mas nunca morrem as rosas que a canção de Cartola nos põe próximos .
Essas rosas que vencem a morte também
nos ensinam a resistência.
Este texto é uma pequena homenagem ao
grande poeta Cartola, que faria
aniversário hoje!
( foto roubartilhada de Enrico Rocha
. Certa vez, as forças repressoras, forças da tristeza, queriam acabar com uma
roda de samba. Elegantemente, mas firme, Cartola resistiu. Viva Cartola!)
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