Muitas são as cores. Porém três,
apenas três , são as cores-fontes das quais todas as outras cores nascem. As
três cores primárias são: o amarelo, o vermelho e o azul.
O amarelo simboliza o sol, é a cor
mais quente. É por isso que os girassóis que Van Gogh pintou expressavam sóis
que nele irradiavam, vivamente. Das páginas de Nietzsche também irradia um
amarelo intenso, chama que é de mais de um sol: "Para brilhar e ter luz
própria é preciso ter sóis dentro de si", dizia ele para nos incendiar de
poesia libertária.
O vermelho simboliza o sangue, fluxo
da vida. Vida que corre e transpõe toda barreira, vida que não pode parar, como
o sangue nas veias. As revoluções democráticas tingem de vermelho suas
bandeiras, às vezes compondo-a com outras cores, para ser o sangue a correr na
veia comum de um povo que luta. A bandeira brasileira carece dessa cor que
simboliza afeto e vida ( temos apenas o amarelo do ouro que não é do povo, mas
de milicos e empresários
pseudonacionalistas; mais o verde da floresta que a motosserra fascista extermina...).
O azul é a cor do céu, é cor que
“horizonta”. Também é a cor da paz ,mais do que o branco, pois o azul é a cor da paz de espírito. A
felicidade, dizem , é azul : é céu que se abre dentro. Sêneca vestia azul, a
mesma cor preferida de Espinosa. A voz que "celesta as coisas do
chão", voz da poesia, "é voz pintada de azul"( Manoel de
Barros).
Porém, existe ainda a luz .Esta não é
o branco. Pois o vermelho,o azul , o amarelo...todas as cores, enfim, são
expressões ou variações da luz, não menos que o branco. A gramática das cores
nasce da poética da luz.
A luz também não é a claridade que
emana do sol, dado que esta nasce do amarelo. Há na luz mais paz e paciência do
que há no azul; há na luz mais paixão do que há no vermelho; há na luz mais calor do que há no amarelo de todos os
sóis juntos.
Plotino dizia que a autêntica beleza
não está na proporção do rosto, muito menos na cor da pele , como pensavam os
estreitos estetas gregos, que diziam ser belo apenas o rosto de pele branca,
grego.
Para Plotino, a beleza está no rosto
que emana luz, não importando a cor da pele, idade ou forma do rosto. Rosto belo é um rosto iluminado por uma alma acesa, como os rostos de Clementina, Cartola , Dona Zica e Carolina
de Jesus.
“Borboleta é uma cor que avoa.”
(Manoel de Barros)
( imagem: Clementina, Cartola &
Dona Zica, Carolina de Jesus)
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