sábado, 10 de julho de 2021

um pouco de possível...

 

Nietzsche dizia que precisamos tapar o nariz quando gente vil cruza nosso caminho. Mas não basta tapar apenas o nariz do corpo, também é preciso, sobretudo,  tapar o nariz do espírito. Pois mesmo que o corpo  de gente assim  esteja coberto de perfumes,  cheiram mal as ideias e palavras que tais seres emitem  :  é o que sai da boca delas o que fede. Assim são as palavras irrespiráveis que saem da boca imunda do genocida.

Não podemos fechar os olhos e ouvidos ao que ele escreve e  fala , é preciso ficarmos atentos. Porém , é necessário seguir o conselho de Nietzsche: tape o nariz do espírito, para não ser envenenado pelo hálito lúgubre que sai da boca do miliciano. Pois um espírito envenenado fica enfraquecido, triste,  com medo, já se achando vencido. E o mais importante de tudo: antes de tapar seu nariz do espírito, aspire bastante ar puro e oxigênio , como um escafandrista que precisa descer num lago cujo fundo é  lama e  lodo.

Não por acaso, “sopro de vida” é, em latim ,  “Spiritus”. Antes de lermos ou ouvirmos o que  diz esse ser do pântano, é preciso enchermos o pulmão vital com o sopro do espírito. Depois, o mais rápido possível , devemos com urgência ir respirar novamente o ar que nos mantém vivos, ar que está na educação, nas artes, na filosofia, enfim, nesses oxigênios que  devemos   partilhar para tomarmos fôlego e, juntos,  agirmos.

 

“Um pouco de possível, senão sufoco.” (Foucault)

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