quarta-feira, 11 de dezembro de 2019

métis


A filosofia grega atendia por um nome : “Sofia” (“Sabedoria”). Não se deve confundir “Sofia” com “Razão”. Em grego, a palavra “Razão” é masculina e tinha  em Zeus um dos seus símbolos. Porém Zeus  não era a Sabedoria: esta nasceu dele como sua filha ou obra. Sofia é filha de Zeus com Métis. Os romanos traduziram “Métis” por “Prudência”. Porém a palavra “prudência”  não traduz  a riqueza semântica  da “Métis” original  grega. Pois “Métis” também é a deusa das “habilidades”. Não habilidade meramente   técnica, mas habilidade no sentido de produzir em nós um querer, uma consistência,  uma perseverança, um agir. À Métis também está associada a ideia de “saúde” enquanto cuidado consigo e com os outros. A palavra “caute” , base da Ética de Espinosa, provém dessa noção de métis enquanto medicina  do corpo e da mente. Uma das características de “Métis” é que ela era capaz de metamorfoses, de devires. Então, Zeus, o deus da razão, buscou na metamorfose de Métis uma nova saúde , uma saúde unindo pensamento e ação. De certo modo, a razão buscou sua saúde para além dela mesma, como se a simples razão fosse , sozinha, doença. Mesmo a razão precisa aprender habilidades que a pura razão não ensina. As habilidades de Métis são artes que unem o pensar ao agir. E foi desse agenciamento mais afetivo do que teórico , mais artístico e poético do que acadêmico, que nasceu Atena, Sofia. Os teóricos da razão  inspiram-se em Zeus, mas os pensadores são enamorados e apaixonados por Sofia: e por essa paixão não apenas pensam, como também agem e criam.



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