“O que é verdadeiramente novo nunca
vira sucata” , ensina Manoel de Barros .
“Sucata”, segundo o poeta, é tudo aquilo que a “velhez venceu”. “Velhez” não é
uma vida perto do fim , “velhez” é uma vida que se perdeu de seu “minadouro”,
de seu embrião. Se 2019 está virando sucata, é porque ele nunca foi
verdadeiramente o tempo novo. 2020 é anunciado como o tempo novo, porém ele igualmente virará sucata... Então onde achar o tempo
“verdadeiramente novo” que
resiste a virar sucata ? Onde encontrar tal “minadouro” para nos umbilicarmos a ele e não virarmos sucata também?
À meia-noite de 31 de dezembro fogos de
artifício explodem no céu. Suas cores e luzes atraem olhos esperançosos que se
erguem até eles com pedidos e promessas. Porém os fogos de artifício não duram muito:
logo viram fumaça...O dia novo somente nasce mesmo com as luzes e cores trazidas pela perseverante aurora, que sempre vem para nos
lembrar que todo dia é novo, e não apenas o 1º de janeiro!
Fazendo minhas as palavras do querido
poeta, que não nos falte a força criativa para (re)inventar auroras que nos ajudem a vencer toda forma de treva, sobretudo a que ameaça nossos
direitos e dignidade, sucateando nosso futuro antes mesmo que este aconteça.
Que a visão de uma aurora possa nos inspirar a olhar também para dentro, para
criar também em nós , individual e coletivamente, o alvorecer de recomeços.
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