Eros
primeiro amou Afrodite, achando que
Afrodite era tudo; até que Eros conheceu
Psiquê, esquecendo de imediato Afrodite.
No
início , Eros foi só de Afrodite; depois
esqueceu Afrodite e passou a ser só de Psiquê. Com isso, Eros produziu
tristeza em Afrodite , ao mesmo tempo que mantinha Psiquê ignorante de
que ele já havia amado, e muito, um outro ser.
Por isso, Eros fazia de tudo para que Afrodite
e Psiquê se ignorassem, como se a alegria de uma fosse a dor da outra, de tal
maneira que a felicidade de ambas ele não poderia oferecer.
Na
mitologia, Eros é o Amor, Afrodite simboliza o Corpo, enquanto Psiquê é a
Alma. Assim, os gregos achavam que o
Amor não pode amar, ao mesmo tempo, o Corpo e a Alma.
O
Corpo proporciona prazer ao Amor, ao
passo que a Alma lhe faz nascer a Sabedoria ( Sophia). “Prazer” em grego é
“hedon”, de onde nasce “hedonismo”. Entregar-se ao Hedonismo ou buscar a Sabedoria: essa escolha deve ser, segundo os gregos, a decisão
que a parte de nós que ama deve fazer.
Platão,
por exemplo, fez da escolha exclusiva do Amor pela Alma a base de sua
filosofia, ao mesmo tempo condenando o Corpo como não tendo, para o pensar,
nenhuma serventia. Para Platão, filosofar é aprender a morrer.
Plotino
não concordava com essa visão dicotômica , nisso inspirando Espinosa. Segundo Plotino, a função maior do
Eros-Amor , a sua utilidade suprema , não é escolher entre a Alma e o Corpo,
mas fazer a Alma e o Corpo unirem-se um ao outro para viverem o ato de pensar como paixão
pelo viver.
Concordando
com Plotino e Espinosa, o poeta Manoel de Barros ensina: "Se a gente não
der o amor , ele apodrece dentro de nós."
Manoel
não se refere ao mero amor no sentido piegas-romântico. Pois como ensina
amorosa-politicamente o educador Paulo Freire, antes de darmos o amor à caridade,
para fazê-la, é preciso dar amor à justiça social , para assim realizá-la.
Não se
dá esse amor sem nos darmos em entrega e agirmos corajosamente para
torná-lo realidade concreta , dentro e fora de nós , fazendo desse afeto causa
atuante de nossas ações e palavras .
Diante
de tanta barbaridade insana que tomou conta de uma parcela obscurantista da
sociedade brasileira, é preciso mais do que nunca, juntos, darmos esse amor perseverante-atuante
à educação emancipadora e cuidadora, fazendo dela a nossa saúde, a nossa resistência , o nosso
escudo e a nossa bandeira.
( este
livro é apenas uma sugestão de leitura)
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