“Solidão” é o aumentativo de “só”, enquanto
que “sozinho” é o seu diminutivo. Nenhuma dessas duas palavras pode traduzir a
experiência singular daquele que se encontra consigo, pois quem encontra a si
mesmo nunca está em solidão ou sozinho.
“Os comparamentos matam a comunhão”,
ensina o poeta Manoel de Barros. Somente aqueles que se acham sozinhos procuram
explicação reativa para sua solidão no comparamento com os outros, seja para se
aumentar vã e orgulhosamente ou, ao
contrário, diminuir-se sem apreço a si.
Porém quem se
encontra consigo também sabe encontrar o outro; e o verdadeiro encontro, como
ensina Espinosa, nunca é colocar-se acima ou abaixo , mas sim ao lado . Aprendem
a andar ao lado aqueles que sabem aonde ir.
Quando paramos de comparar também
cessamos de medir ou julgar, e então aprendemos que não apenas a singularidade
de cada um é incomparável, como também pode ser incomparável a realidade comum
que criamos juntos , em comunhão.
Comunhão é o “dom” de dar realidade ao que nos é comum. Ter algo em comum não é ser homogêneo e sem diferença com o outro, mas potencializar nossas diferenças singulares na criação de um espaço comum também diferente: uma amizade diferente, uma educação diferente, um amor diferente, uma sociedade diferente.
O comum é o espaço de diferenças incomparáveis
que, agenciadas, propiciam (auto)descobertas.
Que pratica comunhão , comunga. O poeta
Manoel comunga com a linguagem, comunga
com o corpo, comunga com o cosmos ... para assim comungar consigo mesmo e nos
ensinar : “Os Outros: o melhor de mim sou Eles”.
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