Tal como Platão, Plotino também fala
em “formas”. Plotino ensina que o
princípio íntimo das coisas é sempre uma forma. Mas não uma forma-contorno, uma
forma exterior, e sim uma forma íntima, tal como a forma espiralada do código
genético que in-forma um ser vivo.
Plotino se vale de uma imagem para
explicar o que ele entende por forma. Quando sopramos com um canudo a água com
sabão , dessa água borbulham formas que brotam ligadas umas às outras. A forma em Plotino,
tal como as formas que nascem do sopro, são formas dinâmicas, borbulhantes, que
florescem em buquê.
Plotino ensina que há um Sopro Cósmico.
Em latim, “sopro” é “spiritus”. Esse sopro cósmico sopra por dentro da matéria
para que nela brotem variadas e heterogêneas formas.
Assim nascem os sóis, as estrelas, os
mares, as plantas, os seres vivos e o homem, como um buquê multivariado de um
mesmo sopro-semente cósmico.
Todas essas realidades são o
borbulhar de um sopro cósmico que as anima com vida, intimamente. Somos formas
de um mesmo sopro que nos mantêm unidos, imanentemente .
A palavra que ensina é sempre
expressão desse sopro que dá forma a tudo o que existe. Nas palavras , é o
sopro do sentido que faz da palavra mais do que som. Toda palavra que ensina é um
borbulhar ou florescer de uma forma plena de vida.
Palavras assim sempre trazem o ar que nos ajuda respirar existencialmente para
que a vida em nós não sufoque.
“Poesia é um aflorar de falas.”(Manoel
de Barros)
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