terça-feira, 19 de abril de 2022

o borbulhar de plotino

 

Tal como Platão, Plotino também fala em “formas”. Plotino ensina que  o princípio íntimo das coisas é sempre uma forma. Mas não uma forma-contorno, uma forma exterior, e sim uma forma íntima, tal como a forma espiralada do código genético que in-forma um ser vivo.

Plotino se vale de uma imagem para explicar o que ele entende por forma. Quando sopramos com um canudo a água com sabão , dessa água borbulham formas que brotam  ligadas umas às outras. A forma em Plotino, tal como as formas que nascem do sopro, são formas dinâmicas, borbulhantes, que florescem em  buquê.

Plotino ensina que há um Sopro Cósmico. Em latim, “sopro” é “spiritus”. Esse sopro cósmico sopra por dentro da matéria para que nela brotem variadas e heterogêneas   formas. Assim nascem  os sóis, as estrelas, os mares, as plantas, os seres vivos e o homem, como um buquê multivariado de um mesmo sopro-semente cósmico.

Todas essas realidades são o borbulhar de um sopro cósmico que as anima com vida, intimamente. Somos formas de um mesmo sopro que nos mantêm unidos, imanentemente .

A palavra que ensina é sempre expressão desse sopro que dá forma a tudo o que existe. Nas palavras , é o sopro do sentido que faz da palavra mais do que som. Toda palavra que ensina é um borbulhar ou florescer de uma forma plena de vida.

Palavras assim sempre trazem  o ar que nos ajuda respirar existencialmente para que a vida em nós não sufoque.


“Poesia é um aflorar de falas.”(Manoel de Barros)




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