Recentemente , vimos o fascista empregar o termo “graça” no
favor que ele fez a um de seus cúmplices. Na verdade, o ocorrido nada tem a ver
com a ideia original de graça.
Na mitologia, as Graças eram três
irmãs que nunca se separavam. Delas vêm “gratidão” e “gratuito”. As outras
divindades se tornavam ainda mais potentes e generosas quando buscavam a companhia
das Graças.
Quando Atena, a deusa da sabedoria ,
andava na companhia das Graças, o conhecimento que vinha dela não apenas
instruía teoricamente , mas deixava
também quem aprendia em graça, aumentando a potência da vida
digna.
Eros igualmente buscava a companhia
das Graças quando queria que o amor que ele dava também fosse um estado de graça: afeto que se dá e recebe ,
sem cobranças.
E quando os deuses queriam saber quais
entre os seres humanos eram gratos, eles ofereciam seus dons junto com as
Graças, e assim sabiam quem, aos recebê-los, ficava agradecido . Pois quem é
agradecido é confiável.
As Graças não são exatamente a
alegria ou a felicidade, pois elas vêm antes desses estados, e muitas vezes são
as Graças que nos amparam nos momentos de tristeza e infelicidade.
As Graças são o contrário das Moiras,
que também eram três irmãs. Enquanto as Moiras querem nos impor um Destino
férreo que se paga com o preço da morte, as Graças ofertam mais vida de graça, mesmo quando nos julgavam
vencidos e mortos.
E por esse sopro de vida a mais as
Graças nada cobram, apenas esperam
que nos tornemos gratos. Pois
daquilo que se recebe de graça ninguém é o dono ou proprietário: o que se recebe
das Graças é para ser partilhado.
O ato do fascista nada tem a ver com
graça. Nunca a graça pode vir de um ser que é uma desgraça para a vida
democrática.
As Graças jamais se
deixam usar por aqueles que fazem ameaças autoritárias ; pois as Graças são
potências libertárias que fortalecem em
coragem, dignidade e generosidade aqueles
que
, agindo, as põem em prática.
“O covarde só ameaça quando está em segurança.” ( Goethe)
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