quinta-feira, 28 de abril de 2022

as verdadeiras Graças

 

Recentemente ,  vimos o fascista empregar o termo “graça” no favor que ele fez a um de seus cúmplices. Na verdade, o ocorrido nada tem a ver com a ideia original de graça.

Na mitologia, as Graças eram três irmãs que nunca se separavam. Delas vêm “gratidão” e “gratuito”. As outras divindades se tornavam ainda mais potentes e generosas quando buscavam a companhia das Graças.

Quando Atena, a deusa da sabedoria , andava na companhia das Graças, o conhecimento que vinha dela não apenas instruía  teoricamente , mas deixava também  quem aprendia  em graça, aumentando a potência da vida digna.

Eros igualmente buscava a companhia das Graças quando queria que o amor que ele dava também fosse  um estado de graça: afeto que se dá e recebe , sem cobranças.

E quando os deuses queriam saber quais entre os seres humanos eram gratos, eles ofereciam seus dons junto com as Graças, e assim sabiam quem, aos recebê-los, ficava agradecido . Pois quem é agradecido é confiável.

As Graças não são exatamente a alegria ou a felicidade, pois elas vêm antes desses estados, e muitas vezes são as Graças que nos amparam nos momentos de tristeza e infelicidade.

As Graças são o contrário das Moiras, que também eram três irmãs. Enquanto as Moiras querem nos impor um Destino férreo que se paga com o preço da morte, as Graças ofertam mais  vida de graça, mesmo quando nos julgavam vencidos e mortos.

E por esse sopro de vida a mais as Graças nada cobram, apenas esperam  que  nos tornemos gratos. Pois daquilo que se recebe de graça ninguém é o dono ou proprietário: o que se recebe das Graças é para ser partilhado.

O ato do fascista nada tem a ver com graça. Nunca a graça pode vir de um ser que é uma desgraça para a vida democrática.

As Graças  jamais  se deixam usar por aqueles que  fazem  ameaças autoritárias ; pois as Graças são potências libertárias que fortalecem  em coragem, dignidade e generosidade  aqueles   que , agindo, as põem em prática.


“O covarde só ameaça quando  está em segurança.” ( Goethe)

 

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