quinta-feira, 24 de fevereiro de 2022

o niilismo dos homens da guerra

 

Há um comportamento chamado “niilista”. Essa palavra vem de “nihil” ,  expressão que costuma ser traduzida  por “nada”. O niilista, dizem, é aquele que não crê em nada.

Mas a tradução mais adequada de “nihil” é, na verdade, “nulo”.  O niilista é aquele cujas palavras, ações e visão de mundo são nulos. O nulo não é o nada, o nulo é o que quer reduzir a vida a nada.

O niilista não é um ateu, o niilista é aquele que até  fala muito em Deus, mas sua concepção de Deus é nula, pois não tem  autenticidade vital.

O niilista não é um deprimido, o niilista  pode ser até muito piadista e risonho, mas sua alegria  é nula . É uma “alegria que nasce da tristeza”, como já diagnosticava Espinosa; e Nietzsche chamava de “niilismo reativo” a essa forma de vida triste.  

O niilista não é um apolítico, ele se envolve e faz política, porém sua política é nula: ódio à democracia.

 Um dos antônimos de “nulo” é “fecundo” ou “potente”. O niilista é um infecundo: no viver, no agir e no falar.

 O niilista  não é um potencial suicida, mas aquele cujo viver é nulo, impotente,  mesmo que viva mil anos. E enquanto ele viver, viverá ameaçando anular a vida dos outros...

 O niilismo reativo é um ódio profundo à vida. Por isso, está sempre querendo anulá-la: rios, árvores, terra, força humano do trabalho, enfim, o planeta...Tudo isso  o sistema niilista anula transformando em mercadoria para preencher a sua nula vida com consumos escapistas.

 Mas nada atrai tanto o niilista quanto o ódio e a guerra. Guerra e ódio, a destruição cega, tornam objetiva a nulidade existencial do niilista.

Há em todo niilista um ódio a tudo o que é fecundo e potente. Num mundo conduzido por homens niilistas, o poder se torna máquina de ódio ameaçando anulações recíprocas.

Que Gaia, Pachamama, enfim, a Mãe-Terra com sua Fecundidade e Potência  de Vida,  nos protejam desses homens da guerra  ressentidos, vingativos e perigosos para toda a vida no planeta.


Obs.: Nietzsche fala ainda do "niilismo passivo", que é diferente do tal niilismo reativo. O niilismo passivo se expressa naqueles que se dizem "neutros", que não tomam partido. Embora o que escrevi não tenha como referência exclusivamente Nietzsche, são três as formas de niilismo: niilismo reativo, niilismo passivo e niilismo ativo. Ou seja, os destruidores/ressentidos, os "neutros mortos-vivos" e os críticos-criativos-ativos.

 


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