Ser “simples” nada tem a ver com ser “simplório”. “Simples” vem de “simplex”. Em latim, “plex” é “dobra”.
Essa mesma raiz “plex” está presente em outras palavras: “complexo”, “o que está dobrado junto”; “explicar”: “ retirar de si o que lhe está dobrado ”, dobrado no sentido de estar “implicado” em nossa existência ( “implicado” também possui a raiz “plex/pli” em seu coração).
Assim, “simples/simplex” é: “o que está desdobrado”. Todo ser simples é um desdobramento de algo complexo que lhe está implicado.
Ser simples nada tem a ver com ser um ponto isolado, como o ponto-ego. Ser simples é ser como a linha que se desdobra de um novelo.
Quando a gente explica algo que não é apenas palavra teórica, isso que a gente explica é desdobrado de ideias e afetos que estão implicados em nós, dobrados juntos com todas as fibras do nosso ser. Dessa maneira, quem assim explica também se explica naquilo que lhe está implicado e dá sentido à sua vida. E explica não apenas falando, também explica agindo, sendo exemplo autêntico.
O simples nunca perde a complexidade múltipla à qual permanece ligado, como o fio de Ariadne puxado/desdobrado de um novelo complexo, no qual mil caminhos a serem trilhados/inventados ainda estão dobrados virtualmente.
O simples é o que desdobra algo que lhe está dobrado e implicado, enquanto realidade múltipla e inesgotável.
Já “simplório” é o pobre de espírito que tenta imitar ter a complexidade e riqueza existencial dos autênticos simples. O “simplório” é , portanto, uma caricatura, uma impostura regada a frango e farofa (como naquela cena grotesca do simplório-miliciano , agora autodefinido “irmão” do tirano da Hungria...)
Em geral, os “simplórios” são seres ressentidos que odeiam toda complexidade e riqueza, inclusive a riqueza do conhecimento; por isso, estão sempre tentando reduzir toda a complexidade dos novelos existenciais a um único ponto cujo tamanho é o da sua pequenez.
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