sábado, 11 de abril de 2020

fausto e o mercador


Mefistófeles: “ - Vim cobrar aquilo que, por contrato, você me prometeu dar em troca dos meus favores .”

Fausto :  “- Mas o que lhe prometi? Assinei sem ler...”

Mefistófeles:  “- Fique tranquilo, quero apenas uma parte de sua alma: quero seu caráter. Você poderá  ficar com seu ego : sei como soprar   dentro dele  para inflá-lo. Também vou lhe ensinar a como usar as palavras para fazer suas mentiras parecerem  ‘Verdade’. Vou lhe ensinar essas e outras artimanhas, mas seu caráter será meu...”

Fausto: “- Serei então um ‘sem caráter’?”

Mefistófeles: “- Por que o espanto? Sabe aquele banqueiro rico  que explora muitos e os tem na  mão? Pois é ele que está nas minhas mãos e ainda as beija  em agradecimento pelos meus préstimos . Sabe aquele juiz que posa de moralista ? Esse sonso  nunca dá uma sentença sem me consultar, ele também é meu. Sabe aquele religioso que prega dentro de um imenso  templo de ouro  e  diz se ajoelhar diante de Deus? Mentira, é diante de mim que ele se ajoelha. E esses políticos que se elegem usando o nome de Deus são os que mais servem a mim. Por que você resiste? Por que insistir com esse heroísmo ético !? Abandona a filosofia e a ciência que eu  farei de você o “Oráculo” e “Guru” de muitos que lhe dirão “amém”  em tudo. Comigo você ficará rico, terá fama e poder....Desde que seu caráter seja meu.”

Fausto: “- Mas e Margarida? Não quero perdê-la, estamos noivos...”

Mefistófeles: “- Vou comprá-la agora!”

Mefistófeles encontra então Margarida e oferece tudo o que pode oferecer para assediá-la. Dela, porém, ele ouve apenas uma palavra dita com firmeza: “NÃO”. Derrotado, com o rabo entre as pernas , foi-se embora o mercador de almas...

( na mitologia germânica, “Margarida” é um dos nomes da “Alma”, assim como “Psiquê” em grego. “Mephisto”  é um filme que mostra como o nazismo ascendeu na Alemanha comprando/seduzindo  mídias, parlamentos, mercados , igrejas e partes  tolamente  crédulas  do povo. “Mephisto”, ou “Mefistófeles”, é um dos nomes do Diabo ).





- a história do "Fausto" tem muitas versões, sendo a mais famosa a do poeta Goethe. Gosto muito desta versão da história interpretada por Pessoa: 



no texto do Goethe, o poeta diz que o Diabo perde porque ele subestima certos aspectos que existem no homem. Goethe resume isso no famoso verso: "Por mais longe que a razão nos leve, leva-nos mais longe o coração." Na verdade, então, nesse trecho  do filme "O advogado do Diabo" , no qual o Diabo se diz "um humanista",  essa afirmação é expressão de um dos traços mais característicos do Diabo: a zombaria.









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