segunda-feira, 20 de abril de 2020

o clarão de espinosa

O escritor Romain Rolland assim descreve sua primeira  experiência com a leitura da Ética, de Espinosa. Logo na leitura da primeira página, não é a Espinosa que ele encontra apenas . Ele encontra também  a si mesmo, o seu si até ali ignorado. 
O escritor prossegue dizendo que não encontra somente as palavras escritas de Espinosa, ele encontra, antes de tudo, as palavras que ele mesmo desejaria ter falado como palavras suas, próprias.
Essas palavras que em Espinosa ele lia e aprendia , o escritor diz desejar que elas fossem dele bem antes de já estar formado o adulto e suas certezas, o adulto e seus medos, o adulto e suas verdades. Antes mesmo de saber ler e escrever, ele queria ter aprendido a falar , como suas primeiras palavras da infância , as palavras que aprendeu em Espinosa. As palavras de Espinosa seriam então o meio poético-filosófico para ele se alfabetizar e ler o livro do mundo. 
Então, ao começar a falar dizendo a  primeira palavra que aprendeu em Espinosa, ele não diria “papá” ou “mamã”, ele diria “in-fi-ni-to”, ainda que o balbuciando. E o sentido dessa palavra  seria um potente clarão a abrir, para nunca mais fechar, os olhos do espírito.







Nenhum comentário: