quinta-feira, 31 de outubro de 2019

o detetive espinosa


Há uma passagem da vida de Édipo , o personagem grego, na qual ele luta contra um oficial fardado mais velho que ele. Édipo consegue matar esse oficial. Quando o oficial cai no chão, Édipo  tem a sensação de que o conhece mas não sabe de onde. Sem que Édipo conscientemente  soubesse, aquele oficial era o pai dele. Dessa maneira , aquele mesmo ato tinha dois sentidos: o primeiro  deles era objetivo e factual, o fato de ele ter matado alguém; e havia também   um sentido implícito, latente, subjetivo, explicável pela “memória inconsciente” de Édipo ( pois , de acordo com a profecia, Édipo iria matar seu pai). Às vezes, o gesto que alguém faz só fica claro se nós compreendermos os aspectos inconscientes que envolvem o ato. Por exemplo ,  se A vem sempre visitar a casa de B, e C adquire a memória disso (sendo C o porteiro)  , assim que A aparece C o associa a B, ainda que , naquele dia, A diga que vai à casa de D. Assim, o consciente de C ouvirá a informação nova, mas sua mão inconsciente escreverá no registro : “A vai à casa de B”. Como ensina o meu querido ex-professor Luiz Alfredo Garcia-Roza em seus romances policiais cujo detetive se chama exatamente  “Espinosa”, tenhamos cuidado e cautela com investigadores e  procuradores que só se fiam nas aparentes “objetividades” e, fiando-se nelas, arquivam apressadamente um caso.  



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