Há uma passagem da vida de Édipo , o
personagem grego, na qual ele luta contra um oficial fardado mais velho que
ele. Édipo consegue matar esse oficial. Quando o oficial cai no chão, Édipo tem a sensação de que o conhece mas não sabe
de onde. Sem que Édipo conscientemente soubesse, aquele oficial era o pai dele. Dessa
maneira , aquele mesmo ato tinha dois sentidos: o primeiro deles era objetivo e factual, o fato de ele
ter matado alguém; e havia também um sentido implícito, latente, subjetivo,
explicável pela “memória inconsciente” de Édipo ( pois , de acordo com a
profecia, Édipo iria matar seu pai). Às vezes, o gesto que alguém faz só fica
claro se nós compreendermos os aspectos inconscientes que envolvem o ato. Por exemplo
, se A vem sempre visitar a casa de B, e
C adquire a memória disso (sendo C o porteiro) , assim que A aparece C o associa a B, ainda
que , naquele dia, A diga que vai à casa de D. Assim, o consciente de C ouvirá a informação nova, mas sua mão inconsciente escreverá no registro : “A vai à
casa de B”. Como ensina o meu querido ex-professor Luiz Alfredo Garcia-Roza em
seus romances policiais cujo detetive se chama exatamente “Espinosa”, tenhamos cuidado e cautela com investigadores
e procuradores que só se fiam nas
aparentes “objetividades” e, fiando-se nelas, arquivam apressadamente um caso.
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