No mito, Procusto era um personagem
que oferecia uma “cama” fabricada por
ele às pessoas que passavam cansadas por
uma estrada. Quando as pessoas se deitavam na tal cama, porém, acontecia algo estranho: ninguém cabia
direito nela. Quando a pessoa era maior
do que a cama , Procusto pegava um machado e decepava a cabeça e os pés excedidos. Quando, ao
contrário, a pessoa era menor
, Procusto amarrava as pernas e
os braços dela com correntes , esticando
brutalmente até desmembrá-los... Ninguém sobrevivia àquela cama transformada em túmulo: querendo que cada um se amoldasse à força, Procusto acabava matando todo
mundo. Quando as pessoas reclamavam,
Procusto pegava uma régua e media com
rigidez a cama, e dizia: “A cama é
perfeita, exata: cada lado é idêntico ao outro . A régua não mente! O
defeito está em vocês : diferentes e heterogêneos. Amoldem-se , mesmo que se
violentando, e caberão na minha Verdade.” A cama de Procusto pode receber vários
outros nomes: “Minha Opinião”, “Meu Credo” ...O que não
couber em tais “fôrmas”, Procusto vingativamente corta, nega, mata –
física ou simbolicamente . Procusto
odeia tudo que “não se pode passar régua”, diria Manoel de Barros. Esses
Procustos que se encontram no poder estão
sempre querendo decepar nossa
cabeça e nos tornar acéfalos a qualquer preço, ao dizerem que “ o nazismo
foi de esquerda” , ou que “ a terra é plana” , ou que “não houve ditadura em
64” , ou que “o guru deles é filósofo”...
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