segunda-feira, 8 de abril de 2019

nise & espinosa


Nise da Silveira cita Bachelard quando este dizia que nossa saúde mental , ou a falta dela, depende mais do que fazemos com nossas mãos do que daquilo que teorizamos com nossa mente . Talvez por isso, depois de filosofar, Espinosa se dedicava a polir lentes, como um simples artesão; Wittgenstein largava os livros para plantar flores, feito um jardineiro; Deleuze costumava desenhar entre as aulas, nisto se assemelhando a um cartógrafo; Plotino deixava seus profundos estudos metafísicos para ir alimentar com as próprias mãos crianças órfãs, como se fosse um cozinheiro.
Sobretudo para aqueles cujo pensamento ousa ir muito longe em busca de terras novas, para ele não se perder, é bom mantê-lo unido a mãos que tocam, transformam ou cuidam da realidade próxima, mãos que nada têm a ver com a “mão invisível” e pragmática do mercado e sua lógica de apenas contar dinheiro, sem se importar eticamente de onde ele veio. Somente mãos que cuidam ,alimentam ou transformam podem ser a afetiva âncora do pensamento no aqui e agora, sem fazê-lo perder o horizonte aberto para o qual sempre decola .
                                                                                                               
(imagem: “Cartas a Spinoza “, maravilhoso livro de Nise da Silveira, criadora do Museu de Imagens do Inconsciente)





desenho de Deleuze:

Um comentário:

Anônimo disse...

Por favor coloquen los subtitulos escritos para los que no somos portugueses o brasileros. Muchas gracias! Muy interesante!