Nise da Silveira cita Bachelard
quando este dizia que nossa saúde mental , ou a falta dela, depende mais do que
fazemos com nossas mãos do que daquilo que teorizamos com nossa mente . Talvez
por isso, depois de filosofar, Espinosa se dedicava a polir lentes, como um
simples artesão; Wittgenstein largava os livros para plantar flores, feito um
jardineiro; Deleuze costumava desenhar entre as aulas, nisto se assemelhando a
um cartógrafo; Plotino deixava seus profundos estudos metafísicos para ir
alimentar com as próprias mãos crianças órfãs, como se fosse um cozinheiro.
Sobretudo para aqueles cujo
pensamento ousa ir muito longe em busca de terras novas, para ele não se
perder, é bom mantê-lo unido a mãos que tocam, transformam ou cuidam da
realidade próxima, mãos que nada têm a ver com a “mão invisível” e pragmática
do mercado e sua lógica de apenas contar dinheiro, sem se importar eticamente
de onde ele veio. Somente mãos que cuidam ,alimentam ou transformam podem ser a
afetiva âncora do pensamento no aqui e agora, sem fazê-lo perder o horizonte
aberto para o qual sempre decola .
(imagem: “Cartas a Spinoza “,
maravilhoso livro de Nise da Silveira, criadora do Museu de Imagens do
Inconsciente)
desenho de Deleuze:
Um comentário:
Por favor coloquen los subtitulos escritos para los que no somos portugueses o brasileros. Muchas gracias! Muy interesante!
Postar um comentário