“Interpretação” em grego se escreve
“hermenêutica”. Na raiz dessa palavra está um nome: “Hermes”, a divindade que
transporta as mensagens. Nem tudo é mensagem. “Atenas é a capital da Grécia”
não é uma mensagem, é uma informação. “Mensagem” é tudo aquilo que requer o
exercício de interpretação. Um poeta não escreve informações, ele cria
mensagens; um filósofo não nos faz pensar com informações, ele nos envia
mensagens. Informações apenas engordam a memória, mensagens põem em ação a
sensibilidade e o pensamento. Informações somente instruem, mensagens educam.
Um horizonte, a abóbada celeste, o voo do albatroz, os mares , os desertos...e até mesmo o silêncio também
podem ser mensagens . O código genético não é informação codificada, ele é
mensagem que a vida escreveu mais como poema do que como fórmula matemática. A
natureza é mais mensagem a decifrar do que informação a decorar.
Um acontecimento tornou Hermes a
divindade que transporta as mensagens : quando Dioniso era criança, seus irmãos
mais velhos, movidos por ciúmes, o despedaçaram. Hermes então pegou o coração
de Dioniso e o guardou consigo. Assim, Hermes apenas transporta as mensagens,
mas o sentido delas cada um interpreta conforme o coração que tem. Se o coração
é pequeno, apequenará ; se o coração é generoso,
acrescentará; se o coração é dissimulado, adulterará; se o coração é autêntico,
não se esconderá.
“Não se descobre nenhuma verdade, não
se aprende nada, se não por decifração e interpretação.” (Deleuze)
"Poeta não precisa de informar sobre o mundo.Poeta precisa de inventar outro mundo. "(Manoel de Barros)
- mensagens de Nina:
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