sexta-feira, 11 de novembro de 2022

o "Mercado" e sua ideia fixa

 

Não por acaso, bastou o retorno de um governo popular-democrático para o tal “Mercado” ficar “nervoso”, “irritado”...

Os jornalistas de economia da mídia corporativa se comportam como se fossem os arautos da “racionalidade econômica”, porém têm por “Deus” uma entidade pouco racional que sempre dá mostras de irracionalidade quando um governo quer incluir no orçamento a educação, a saúde, enfim, o povo.

O tal “Mercado” ficou quietinho, com um silêncio conivente, enquanto o miliciano torturava o orçamento público para fins eleitoreiros.

Aliás, a palavra “Mercado” não é boa, pois quando o povão a ouve imagina que o tal “Mercado” é o dono da quitanda, da padaria, da farmácia...Ou seja, de gente que lida com coisas concretas.

Mas o tal “Mercado” é o templo da teologia do Capital,  seu deus único e exclusivo.

“Capital” vem de um termo latino que significa “cabeça”, porém  uma cabeça que parece ser oca por dentro, que no lugar de cérebro  tem apenas uma ideia fixa: juros, juros, juros...

O Capital é uma cabeça desconectada de   braços que produzem e trabalham, embora digam que o Mercado possui “mão”, porém é uma “mão invisível” que apenas sabe contar dinheiro, e nunca se estende para apertar a mão e socorrer  gente de carne e osso.

O Capital não é o comércio de bens e coisas. O Capital  especulativo é como um vampiro  em cujo rastro de nascimento estão as guerras (sobretudo as mais covardes), a pirataria, o roubo, a escravidão, o colonialismo,  a pilhagem...

O Capital não é o metal da moeda, tampouco o papel de que é feita a nota. O Capital é apenas o número abstrato que está na moeda e no papel, ele não é autêntica riqueza.

Pois riqueza de verdade é o níquel de que é feito a moeda, níquel que veio do seio da terra; riqueza é o papel de que é feita a nota, papel cuja origem são as florestas. 

Enfim, riqueza é tempo, trabalho, afeto, conhecimento , a terra, os rios, os mares, o ar...Riqueza é a vida, vida essa que o Capital predador parasita e tenta vampirizar...  

“Política” vem de “pólis”. Costuma-se traduzir essa palavra por “cidade” ( “Petrópolis”: “cidade das pedras”). Mas pólis também é “organização”: tal como em “própolis”, “a favor da organização”, pois a colmeia é uma organização, um “organismo vivo”.

A economia e o Mercado são partes da organização social , eles não são os donos e nem os senhores dela, embora pareça existir  neles a nostalgia atávica da Casa-grande...

Por isso, a economia deve ser sempre vista sob a ideia de uma “economia política”, cujos afetos catalizadores devem ser a justiça, a dignidade, a igualdade, enfim, afetos sociais de solidariedade e empatia como antídotos democráticos ao nervosismo e irritação de um Mercado que tenta esconder que tem sua “política” ,   mas essa “política”   sempre se revela nas  reações emotivas irracionais  que o Mercado tem diante de um governo popular-democrático.

São  monstruosas expressões tais como "capital cognitivo", "capital afetivo", "capital simbólico", expressões sempre na boca dos atuais "influencers midiáticos"...Como se um modo de produção desumano pudesse traduzir processos complexos enraizados na condição humana, como o pensamento e o afeto. O pensamento e o afeto, ao menos o pensamento e o afeto libertários, nada têm a ver com a lógica acumuladora e excludente do capital. Pensamento e afeto são potências produtivas da cooperação, da partilha e da generosidade.





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