Não por acaso, bastou o retorno de um
governo popular-democrático para o tal “Mercado” ficar “nervoso”, “irritado”...
Os jornalistas de economia da mídia
corporativa se comportam como se fossem os arautos da “racionalidade
econômica”, porém têm por “Deus” uma entidade pouco racional que sempre dá
mostras de irracionalidade quando um governo quer incluir no orçamento a
educação, a saúde, enfim, o povo.
O tal “Mercado” ficou quietinho, com
um silêncio conivente, enquanto o miliciano torturava o orçamento público para
fins eleitoreiros.
Aliás, a palavra “Mercado” não é boa,
pois quando o povão a ouve imagina que o tal “Mercado” é o dono da quitanda, da
padaria, da farmácia...Ou seja, de gente que lida com coisas concretas.
Mas o tal “Mercado” é o templo da
teologia do Capital, seu deus único e
exclusivo.
“Capital” vem de um termo latino que
significa “cabeça”, porém uma cabeça que
parece ser oca por dentro, que no lugar de cérebro tem apenas uma ideia fixa: juros, juros,
juros...
O Capital é uma cabeça desconectada
de braços que produzem e trabalham,
embora digam que o Mercado possui “mão”, porém é uma “mão invisível” que apenas
sabe contar dinheiro, e nunca se estende para apertar a mão e socorrer gente de carne e osso.
O Capital não é o comércio de bens e
coisas. O Capital especulativo é como um
vampiro em cujo rastro de nascimento
estão as guerras (sobretudo as mais covardes), a pirataria, o roubo, a
escravidão, o colonialismo, a
pilhagem...
O Capital não é o metal da moeda,
tampouco o papel de que é feita a nota. O Capital é apenas o número abstrato que
está na moeda e no papel, ele não é autêntica riqueza.
Pois riqueza de verdade é o níquel de
que é feito a moeda, níquel que veio do seio da terra; riqueza é o papel de que
é feita a nota, papel cuja origem são as florestas.
Enfim, riqueza é tempo, trabalho,
afeto, conhecimento , a terra, os rios, os mares, o ar...Riqueza é a vida, vida
essa que o Capital predador parasita e tenta vampirizar...
“Política” vem de “pólis”. Costuma-se
traduzir essa palavra por “cidade” ( “Petrópolis”: “cidade das pedras”). Mas
pólis também é “organização”: tal como em “própolis”, “a favor da organização”,
pois a colmeia é uma organização, um “organismo vivo”.
A economia e o Mercado são partes da
organização social , eles não são os donos e nem os senhores dela, embora
pareça existir neles a nostalgia atávica
da Casa-grande...
Por isso, a economia deve ser sempre
vista sob a ideia de uma “economia política”, cujos afetos catalizadores devem
ser a justiça, a dignidade, a igualdade, enfim, afetos sociais de solidariedade
e empatia como antídotos democráticos ao nervosismo e irritação de um Mercado
que tenta esconder que tem sua “política” ,
mas essa “política” sempre se
revela nas reações emotivas
irracionais que o Mercado tem diante de
um governo popular-democrático.
São monstruosas expressões tais como "capital cognitivo", "capital afetivo", "capital simbólico", expressões sempre na boca dos atuais "influencers midiáticos"...Como se um modo de produção desumano pudesse traduzir processos complexos enraizados na condição humana, como o pensamento e o afeto. O pensamento e o afeto, ao menos o pensamento e o afeto libertários, nada têm a ver com a lógica acumuladora e excludente do capital. Pensamento e afeto são potências produtivas da cooperação, da partilha e da generosidade.
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