segunda-feira, 17 de outubro de 2022

as erínias e suas sombras

 

Os cúmplices do miliciano às vezes o chamam de “mito”. Eles não estão totalmente errados... Como ensina Jung, há mitos que expressam a luz, ao passo que outros mitos simbolizam as sombras.

O conhecimento, as artes, a ética...são as luzes que devem iluminar as palavras e ações humanas, enquanto que o ódio, a ignorância , a torpeza...são sombras que turvam a mente de alguns.

Zeus, Atena, As Graças...expressam a luz;  as Erínias , os Cíclopes...simbolizam as sombras. Quando usadas como instrumentos da luz, as palavras ensinam, educam, informam. Contudo, as sombras às vezes usam as  palavras e as deixam turvas e opacas, para assim colocá-las a serviço da enganação, da falsidade , da superstição , enfim, da mentira.

Quando as palavras são usadas como instrumentos das sombras, surge o que os filósofos gregos chamavam de “erística”. Essa palavra vem de “Erínias”, divindades trevosas que simbolizam o ódio e a violência.

 Enquanto a lógica é um instrumento da luz quando se precisa argumentar para se defender as  ideias, a erística é uma arma ardilosa das sombras quando os farsantes querem dar aparência de argumentação às suas mentiras.

Os erísticos aparentam debater, quando na verdade eles dissimulam  seu ódio e ignorância empregando as palavras. O erístico finge argumentar, quando na verdade sua única intenção é ofender. Por essa razão, é impossível debater com um erístico, pois debater é supor que o outro com o qual se debate tem ideias a defender.

Mas o erístico não tem ideias, apenas rancor e ódio às ideias. Sua estratégia é sempre tentar atingir o outro do ponto de vista pessoal. Seu objetivo não é defender ideias, mas rebaixar o discurso, destruir o outro e enganar o público incauto.

Na democracia há debates. Porém, os  erísticos se valem dos debates para espalhar suas não democráticas palavras de escuridão .

Qual a estratégia argumentativa para a luz enfrentar as sombras? As sombras são previsíveis:  elas são sempre sombras e nunca mudam. Então, é preciso que o Lula prepare uma fala que não deixe brecha para a sombra.

É impossível dialogar ou debater com as trevas. Lula precisa preparar previamente as respostas acerca dos assuntos dos quais o genocida sempre o acusa, de tal maneira que Lula responda não ao genocida, mas aos indecisos  que precisam ser esclarecidos .

Lula não deve interagir com o genocida, nem deve ouvi-lo. Lula deve ouvir apenas a si mesmo , e, com firmeza, dirigir-se apenas à câmera. Para a luz vencer as sombras, a luz deve afirmar a si mesma e colocar a sombra em seu devido lugar: as trevas.

Os afetos também são fundamentais. Mas os afetos devem nascer da ação firme das ideias, nunca  de reações a ataques malevolamente calculados pelas sombras.

A única maneira de lutarmos argumentativamente  contra a palavra mentirosa é empregando a palavra verdadeira. A palavra verdadeira dever ser, ao mesmo tempo, escudo que nos protege e instrumento que destrua as sombras mentirosas.


( foto: Lula no Complexo do Alemão, comunidade ofendida pelo miliciano no debate).



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