Para Espinosa, as ideias que
realmente ensinam não são meras realidades abstratas, tampouco são apenas
teoria. As Ideias vitais são como seres
vivos: elas possuem olhos, coração e mãos.
Os olhos das Ideias servem para abrir mais os nossos, quando precisamos
ver mais longe ; o coração das Ideias transfunde sangue para o nosso, quando
é necessário termos mais sangue corajoso
correndo em nossas veias; as mãos das Ideias conduzem a nossa, quando o que
escrevemos não é apenas palavras no papel.
Em Espinosa, as Ideias não existem no
“Além”, como em Platão, elas vivem em nós como
potência para pensar este mundo
onde vivemos, aqui e agora.
Mesmo
que em torno hajam trevas, as
Ideias nunca fiquem cegas, uma vez que vem delas a luz que seus olhos irradiam
, como um farol.
Quando as Ideias estendem suas mãos
para nós e nos conduzem, somos nós mesmos que,
sobre nossas próprias pernas, nos conduzimos eticamente sobre o mundo.
Ideias que
conduzem não teorizam
caminhos planejados apenas no papel , Ideias que conduzem são elas
mesmas caminhos : elas sabem abri-los
mesmo em desertos ou transpassando rochas.
E aquele a quem as Ideias conduzem
pelas mãos, sempre oferece sua outra mão para conduzir também a quem ainda não
sabe o caminho, de tal maneira que quem é conduzido pelas Ideias nunca caminha
sozinho, e jamais solta a mão daqueles aos quais estendeu a sua.
(Este livro de Nise é apenas uma
sugestão de leitura. Para ajudá-la em seu trabalho de cuidados clínicos, consigo e com os outros, Nise
dizia ter aprendido a seguinte lição com
Bachelard e Espinosa: “nossa felicidade e saúde mental depende mais daquilo que
fazemos com as mãos do que daquilo que teorizamos com o cérebro”. Mãos que
alimentam, mãos que escrevem lições no quadro numa sala de aula, mãos que pintam, que plantam , que bordam, que
partilham, que doam...São mãos mais saudáveis e felizes do que aquelas que
apenas sabem apontar armas e contar dinheiro)
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