sábado, 1 de outubro de 2022

pelo triunfo da vida...

 

Certa vez, uma turma muito gentil e simpática comigo me perguntou qual dos mitos gregos eu mais gostava. De pronto, eu disse: “Dioniso”. Muitos então perguntaram : “É o deus das artes, não é professor?” Aproveitei para fazer  a seguinte observação:

Não é muito adequado falarmos : “Dioniso, deus das artes”, “Eros, deus do amor...”. O problema está na palavra “Deus” quando aplicada àquele mundo poético-filosófico.

Quando ouvimos a palavra “Deus” sempre imaginamos um Ser que , do nada, criou a realidade de tudo o que existe. Mesmo quem não tem religião imagina Deus como um ser assim.

Porém, Dioniso, Eros, Perséfone...não possuíam esse  sentido teológico-religioso, segundo o qual Deus existe antes de sua obra.

Eros não existia antes do amor, Dioniso não existia antes das artes, Perséfone não existia antes da primavera. Eros é o amor em suas diversas maneiras. Dioniso é as artes em suas variadas expressões. Perséfone é a primavera em seus vários sentidos, inclusive como  primavera política: a primavera como irrefreável processo de renovação.

Assim, o melhor nome para se aplicar a Dioniso, Eros, Perséfone...não é Deus ou Divindade, mas Potência. Dioniso é a Potência das Artes, Eros é a Potência do Amor, Perséfone é a Potência da Primavera.

Potência não é a mesma coisa que Poder. O Poder visa sempre dominar e controlar, ao passo que a Potência é criação , libertação .

A palavra Potência é prima de “Possibilidade”. O contrário de Potência é “Forma”. Ao longo da história, houve várias formas de se viver o amor, cada uma dessas formas se achando a forma única de amor, a forma “normal”. Mas a o Amor enquanto Potência vai além das formas , e se reinventa de maneira  diferente em cada época histórica. Enquanto potência, o amor não é uma única forma de amar, pois variadas maneiras de amar pode o amor, basta criar.

Dioniso não é exatamente a  pintura, a música ou a escultura enquanto formas de arte, Dioniso é a arte enquanto potência de reinventar a própria vida.

Quando criança , Dioniso foi despedaçado por seus carrascos, que assim imaginaram que o haviam derrotado. Dioniso era parte ser humano e parte imortal . Qual era a parte imortal nele? Qual era a parte que nunca morria?

 Zeus sabia que essa parte imortal era o coração. Zeus pegou então o coração de Dioniso-Criança e  dele recriou novamente Dioniso. Isso explica seu nome: “Di-oniso”, “aquele que nasceu duas vezes”.

 Na primeira vez que nasceu, Dioniso veio ao mundo chorando, como todo recém-nascido; mas ao renascer do coração Dioniso ressurgiu sorrindo, como triunfo da vida imortal sobre seus carrascos.

Que as Potências libertárias das Artes, do Amor e da Primavera nos acompanhem , protejam e fortaleçam para nosso triunfo contra o fascismo neste 2 de outubro.


#lulanoprimeiroturno👍






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