Não se deve confundir “popular” com
“populismo”. O popular não é a classe D
ou E : tais classificações fazem parte
da ideologia de “pedigree” que reforça a lógica Casa-grandista de que ter
propriedades e dinheiro, não importando os meios , faz de alguém um superior,
um “Classe A”. O popular nada tem a ver
com esse alfabeto do poder.
O popular é multiplicidade horizontal
sem castas, como a “multitudo” democrática de que fala Espinosa. O popular não
é pobreza, mas uma forma de riqueza que não se mede em dinheiro ou capital. O
popular não é o que vende muito, o popular é o que não se deixa comprar pelos donos do sistema, como são comprados
os “pobres de direita”.
O popular é uma nobreza nascida da
potência criativa multifacetada e heterogênea, e não de pedigrees elitistas
pouco nobres. A nobreza-popular se
aprende na alma de Cartola, no sax de
Pixinguinha, na voz de Clementina , na
viola do Paulinho, no samba e cores de Nelson Sargento, no lápis de Manoel de
Barros : “Aproveito do povo sintaxes tortas” , ensina o poeta.
“Popular” não é só um substantivo,
como “povo”; “popular” também pode ser
um verbo expressando a ação de
(re)inventar um povo: “escreve-se em função de um povo por vir e que
ainda não tem linguagem.”(Deleuze).
Hoje faleceu o grande poeta da
Mangueira Nelson Sargento, nossa pequena e sentida homenagem a esse poeta e
artista popular.
No desfile histórico da Mangueira
falando dos heróis populares que não estão nos livros oficiais de história,
Nelson Sargento fez o papel de Zumbi. O apelido "sargento" veio do
fato de ele ter servido no exército, porém ele vivia sendo repreendido pelos
milicos porque, em vez do fuzil, Nelson estava sempre com o violão de poeta na mão. Este samba é fruto da
parceria entre Nelson Sargento & Cartola :
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