quinta-feira, 27 de maio de 2021

Nelson Sargento

 

Não se deve confundir “popular” com “populismo”. O popular não é  a classe D ou E : tais classificações  fazem parte da ideologia de “pedigree” que reforça a lógica Casa-grandista de que ter propriedades e dinheiro, não importando os meios , faz de alguém um superior, um   “Classe A”. O popular nada tem a ver com esse alfabeto do poder.

O popular é multiplicidade horizontal sem castas, como a “multitudo” democrática de que fala Espinosa. O popular não é pobreza, mas uma forma de riqueza que não se mede em dinheiro ou capital. O popular não é o que vende muito, o popular é o que não se deixa comprar  pelos donos do sistema, como são comprados os  “pobres de direita”.

O popular é uma nobreza nascida da potência criativa multifacetada e heterogênea, e não de pedigrees elitistas pouco nobres.  A nobreza-popular se aprende na alma de Cartola,  no sax de Pixinguinha, na voz de Clementina ,  na viola do Paulinho, no samba e cores de Nelson Sargento, no lápis de Manoel de Barros : “Aproveito do povo sintaxes tortas” , ensina o poeta.

“Popular” não é só um substantivo, como “povo”; “popular” também pode ser   um verbo expressando a ação de  (re)inventar um povo: “escreve-se em função de um povo por vir e que ainda não tem linguagem.”(Deleuze).

Hoje faleceu o grande poeta da Mangueira Nelson Sargento, nossa pequena e sentida homenagem a esse poeta e artista popular.













No desfile histórico da Mangueira falando dos heróis populares que não estão nos livros oficiais de história, Nelson Sargento fez o papel de Zumbi. O apelido "sargento" veio do fato de ele ter servido no exército, porém ele vivia sendo repreendido pelos milicos porque, em vez do fuzil, Nelson estava sempre com o violão  de poeta na mão. Este samba é fruto da parceria entre Nelson Sargento & Cartola :




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