PARA AS “SOFIAS” QUE TAMBÉM ATENDEM
POR DANDARA, CLARICE, BETHÂNIA, NINA, ELZA,
CLEMENTINA, MARIELLE...
Em grego, “Sofia” é “Sabedoria”. Não se deve confundir “Sofia”
com “Razão”. A palavra “Razão” em
grego é masculina (“Logos”) e tinha
em Zeus um dos seus símbolos. Porém Zeus
não era a Sabedoria, pois Sofia é
filha de Zeus com Métis. Por possuir
muitos dons e capacidades, Métis era conhecida como a deusa das “habilidades”. Não a habilidade meramente técnica, mas habilidade no sentido de
produzir , além de ideias, um querer e
um agir múltiplo e criativo. Métis também estava associada à noção de “saúde” enquanto cuidado consigo e com os
outros. A palavra “caute” , base da Ética de Espinosa, provém dessa habilidade
médico-curativa . Pois de “Métis” também vem “meticuloso” , no sentido do
cuidado (“caute”) que caracteriza o bom
médico ( tanto os médicos do corpo quanto os médicos da alma).
Uma das características de “Métis” é que ela
era capaz de metamorfoses, de devires. Então, Zeus, o deus da razão, buscou na
metamorfose de Métis uma nova saúde , uma saúde unindo pensamento e ação. De
certo modo, a razão buscou sua saúde para além da própria razão, como se a
simples razão fosse , sozinha, impotente para enfrentar as doenças que a põem
sob risco. Mesmo a razão precisa
aprender habilidades que a pura razão não ensina. As habilidades de Métis são
artes que unem o pensar ao agir. E foi desse agenciamento mais afetivo do que
teórico , mais artístico e poético do que acadêmico, que nasceu então Sofia, também conhecida como “Atena”,
filha de Zeus com Métis. Os teóricos da
razão inspiram-se em Zeus, mas os
pensadores são apaixonados por Sofia: e
por essa paixão não apenas pensam, como também agem e criam. Na luta contra a
ignorância e a obscuridade, ontem e hoje, a razão não vence sozinha: é preciso
que a acompanhe Sofia. Às vezes, é a própria Sofia que salva a razão de si
mesma , fecundando nela sensibilidade e
vida, impedindo assim que a razão fique
dogmaticamente rígida.
Segundo Nietzsche, a filosofia
contemporânea atende por outro nome, um
nome feminino também : “Ariadne”.
Ariadne significa “aranha”, pois Ariadne é tecedora de fios, fios que ela tira
de seu próprio ventre, como a “linha de fuga” ensinada por Deleuze . Os gregos
inventaram a democracia e admiravam o cosmos, a natureza. Hoje, as mesmas forças
reativas que negam a democracia também destroem a natureza e cultuam misoginia. Ariadne simboliza a necessidade de
um fio que nos agencie . Um fio de Ariadne também nasce das mãos que se unem na luta contra a
barbárie.
“Eu não vou sucumbir
Eu não vou sucumbir
Avisa na hora que tremer o chão
Amiga, é agora, segura a minha mão”.
( LIBERTAÇÃO/ Elza Soares)
- Ao
Dia internacional de Luta das Mulheres ( 8 de março e todos os dias)
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