Foi na boca de
Pitágoras que pela primeira vez se ouviu a palavra “filósofo”. Mas em sua aurora o filósofo também era, ao
mesmo tempo, artista, poeta. Certa vez pediram a Pitágoras que ele explicasse melhor o que significava enfim ser
“filósofo”. Pitágoras respondeu mais ou menos o seguinte: “Há os que vão ao mercado para vender, outros para comprar; há ainda os
que vão exibir suas posses, seus bens e dotes em busca de aplausos, e assim
rivalizam com outros que também querem aplausos. Eu nada vendo, nem o que
ofereço se acha em mercados...Eu apenas observo como os homens são e busco
compreender suas ações como parte do Cosmos, o mesmo Cosmos que não pode ser
vendido ou comprado, o Cosmos que não tem dono, Cosmos esse que com o
pensamento eu aplaudo. Pois é o Cosmos que me ajuda a compreender porque alguns
são bons, e constroem; enquanto outros
são maus, e apenas destroem”.
Pitágoras foi um dos primeiros a
acreditar na reencarnação das almas. Ele dizia que essa reencarnação é parte de um "colégio cósmico" no qual o
homem vem à vida para aprender a se tornar
um ser humano. Segundo Pitágoras , os que não aprendem e se tornam
ignorantes, obscurantistas e maus , esses retornam numa vida futura como hienas e porcos. Se Pitágoras tivesse conhecido os
fascistas-genocidas de hoje, creio que ele
diria se tratarem de hienas e porcos que , após morrerem numa vida
passada, reencarnaram agora com
aparência de homens. Mas os seres
humanos que avançam no aprendizado e conseguem superar a si mesmos, retornam como pássaros canoros. O poeta
Orfeu, por exemplo, Pitágoras acreditava que retornou como Rouxinol. Quem
avança ainda mais e aprende a doar-se em desapego egóico, retorna em vida
futura como flores. Quanto mais sábio,
justo e generoso alguém foi, retorna em flor , aromas e cores . E os seres que mais aprenderam não retornam
mais, pois voltam para o ventre de onde
vieram: as estrelas. E eternamente brilham para afastar a escuridão e
atraírem nossos olhos, para assim
erguermos a cabeça.
"Poesia é celestar as coisas do
chão". (Manoel de Barros)
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