quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

sobre fascismo e ressentimento

 

Um dos sentimentos mais horrorosos da alma humana é o ressentimento. “Re-sentir”: sentir novamente e  dar vida a   um sentimento que deveria estar morto e superado. Nietzsche chega a dizer que o ressentimento é o sentimento que caracteriza o escravo, o escravo voluntário. Em geral, o ressentimento nasce de expectativas frustradas. Expectativas que têm por trás frustações acumuladas, quase sempre culpabilizando o outro. O ressentido sempre culpabiliza exclusivamente o outro por suas derrotas, fraquezas, infelicidades e até mesmo por suas mediocridades. Dentro do ressentido vão se acumulando ódios que ele sentiu e que ele alimenta para sentir de novo.  É por isso que todo ressentido é também um vingativo. Chega um ponto em que a vingança contamina sua mente e sua visão da realidade, sem falar na questão mais profunda , existencial, que explica ser o ressentimento um sintoma de ódio à vida e ódio a si mesmo.  Muitas pretensas  religiões nada mais são do que isto: ódio à vida. E hoje vemos esse ódio à vida se juntar no ódio à política. O fascismo hoje em curso no Brasil também  é isto: uma união doentia  de ressentidos para se vingarem do conhecimento, da arte, da educação , da cultura , do sexo, do amor, do planeta, da música, do cinema...Enfim, vingança contra  tudo aquilo que expressa liberdade , saúde, vida. Segundo Espinosa, não se vence o ressentimento com raciocínios apenas; se vence o ressentimento com  um afeto positivo que afirme a vida com o máximo de potência.

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