sexta-feira, 15 de janeiro de 2021

sobre a indignação

 

A “indignação” é uma das ideias mais importantes da filosofia política de Espinosa. A “indignação” é um “afeto”. Como tal, não é uma ideia meramente teórica que exige leituras de livros para ser compreendida, pois a capacidade de indignar-se é um afeto que quase todos são capazes de compreender, desde que a sintam. Assim, nem todos são capazes desse afeto, embora possam teorizar livrescamente sobre ele ( soltando “Notas de Repúdio” protocolares, como adora fazer o Rodrigo Maia).

 A raiz desse afeto é a palavra “dignidade”. Só é capaz de sentir indignação que age pela dignidade, uma vez que a indignação nasce quando vemos o poder ameaçar a dignidade da vida. Geralmente, os tiranos são os que mais ameaçam a dignidade , não apenas a tirania da força armada, também a tirania do Capital inumano-predatório   propagador de desigualdades ( Capital esse que une o Maia, o Alcolumbre e os jornalistas da mídia comercial-golpista ao Guedes, peça  fundamental desse governo indigno).

Assim, a indignação é uma reação nascida quando presenciamos  os atos de um poder inumano  que põe a dignidade humana  em risco. Essa reação somente é possível naqueles que, antes, tem amor à dignidade nos seus  variados sentidos. Esse amor primeiro não é uma reação, mas uma ação, uma potência. Os que não têm esse amor-potência não ficam de verdade indignados, apenas sentem indignação-protocolar ,  como os personagens citados acima,  cúmplices desse sistema que a cada dia asfixia literalmente a dignidade, deixando-a sem oxigênio e ar, como a intolerável situação de Manaus.

Mas Espinosa também argumenta que a indignação é apenas a fagulha, uma fagulha que aborta e se apaga  se dela não nascerem  ações agenciadas que se afirmem contra o poder da tirania. Para nós, a situação é ainda mais grave, já que ainda não podemos ir às ruas, que seria o meio mais potente de fazer nascer, da indignação, ações efetivas em defesa de nossa dignidade. Por isso,  é vital que nossa indignação permaneça viva, que não se apague , pois indignação apagada também adoece. Filosofia, poesia , arte...nada são se não servirem para manter a indignação também acesa, para que a treva  não vença.

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