A “indignação” é uma das ideias mais
importantes da filosofia política de Espinosa. A “indignação” é um “afeto”.
Como tal, não é uma ideia meramente teórica que exige leituras de livros para
ser compreendida, pois a capacidade de indignar-se é um afeto que quase todos
são capazes de compreender, desde que a sintam. Assim, nem todos são capazes
desse afeto, embora possam teorizar livrescamente sobre ele ( soltando “Notas
de Repúdio” protocolares, como adora fazer o Rodrigo Maia).
A raiz desse afeto é a palavra “dignidade”. Só
é capaz de sentir indignação que age pela dignidade, uma vez que a indignação
nasce quando vemos o poder ameaçar a dignidade da vida. Geralmente, os tiranos
são os que mais ameaçam a dignidade , não apenas a tirania da força armada,
também a tirania do Capital inumano-predatório propagador
de desigualdades ( Capital esse que une o Maia, o Alcolumbre e os jornalistas
da mídia comercial-golpista ao Guedes, peça fundamental desse governo indigno).
Assim, a indignação é uma reação nascida
quando presenciamos os atos de um poder
inumano que põe a dignidade humana em risco. Essa reação somente é possível naqueles
que, antes, tem amor à dignidade nos seus variados sentidos. Esse amor primeiro não é
uma reação, mas uma ação, uma potência. Os que não têm esse amor-potência não
ficam de verdade indignados, apenas sentem indignação-protocolar , como os personagens citados acima, cúmplices desse sistema que a cada dia asfixia
literalmente a dignidade, deixando-a sem oxigênio e ar, como a intolerável
situação de Manaus.
Mas Espinosa também argumenta que a
indignação é apenas a fagulha, uma fagulha que aborta e se apaga se dela não nascerem ações agenciadas que se afirmem contra o poder
da tirania. Para nós, a situação é ainda mais grave, já que ainda não podemos
ir às ruas, que seria o meio mais potente de fazer nascer, da indignação, ações
efetivas em defesa de nossa dignidade. Por isso, é vital que nossa indignação permaneça viva,
que não se apague , pois indignação apagada também adoece. Filosofia, poesia ,
arte...nada são se não servirem para manter a indignação também acesa, para que
a treva não vença.
Nenhum comentário:
Postar um comentário