A flor do ipê é uma das poucas que
floresce colorida durante todo o ano, resistindo até mesmo ao cinza do inverno.
A flor do ipê assim nos mostra que é possível ser forte e resistente sem perder
a arte de criar beleza. Antes de os colonizadores aqui chegarem, os índios
acreditavam que o ipê era a própria expressão da força fértil de Pindorama,
nossa Terra-Mãe ancestral . Na mitologia tupi-guarani, um dos sentidos de
Pindorama é: “terra onde os maus são vencidos”. As flores do ipê são sempre de
cores múltiplas, combinando o púrpura, o rosa, o branco e o amarelo . Os
colonizadores tentaram acabar com o ipê, porém não conseguiram. Então,
descobriram que podiam ganhar dinheiro sangrando uma árvore chamada pau-brasil,
cuja resina avermelhada corre no tronco da árvore como em nossas veias o
sangue. Foi a partir do comércio dessa resina cor de sangue que a terra
explorada ganhou novo nome, sendo então chamada de Brasil pelos seus algozes.
Por debaixo do culto fascista e pseudonacionalista ao verde e amarelo existe
ainda a mesma mentalidade criminosa que sangrou e ainda sangra nossa Terra-Mãe,
mátria ancestral. Nunca haverá independência enquanto os maus continuarem
sangrando nossa vida e dignidade. Simbolicamente, devemos aprender com a
autêntica independência perseverante dos ipês de Pindorama, que resistem
florescendo como vivas bandeiras pintadas pela própria natureza em púrpura,
rosa, branco e amarelo.
Inspirados nas bandeiras Wiphala e
Mapuche (bandeiras da luta por independência dos povos originários da América
Latina), esboçamos/rascunhamos "brincativamente" uma bandeira de
Pindorama ( a partir das cores do ipê). "Brincativo" é o nome que o
poeta Manoel de Barros dá ao criar libertário e insubmisso que não perde o que
Espinosa chama de "potente alegria".
-bandeira Mapuche:
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