segunda-feira, 7 de setembro de 2020

os ipês de pindorama

 

A flor do ipê é uma das poucas que floresce colorida durante todo o ano, resistindo até mesmo ao cinza do inverno. A flor do ipê assim nos mostra que é possível ser forte e resistente sem perder a arte de criar beleza. Antes de os colonizadores aqui chegarem, os índios acreditavam que o ipê era a própria expressão da força fértil de Pindorama, nossa Terra-Mãe ancestral . Na mitologia tupi-guarani, um dos sentidos de Pindorama é: “terra onde os maus são vencidos”. As flores do ipê são sempre de cores múltiplas, combinando o púrpura, o rosa, o branco e o amarelo . Os colonizadores tentaram acabar com o ipê, porém não conseguiram. Então, descobriram que podiam ganhar dinheiro sangrando uma árvore chamada pau-brasil, cuja resina avermelhada corre no tronco da árvore como em nossas veias o sangue. Foi a partir do comércio dessa resina cor de sangue que a terra explorada ganhou novo nome, sendo então chamada de Brasil pelos seus algozes. Por debaixo do culto fascista e pseudonacionalista ao verde e amarelo existe ainda a mesma mentalidade criminosa que sangrou e ainda sangra nossa Terra-Mãe, mátria ancestral. Nunca haverá independência enquanto os maus continuarem sangrando nossa vida e dignidade. Simbolicamente, devemos aprender com a autêntica independência perseverante dos ipês de Pindorama, que resistem florescendo como vivas bandeiras pintadas pela própria natureza em púrpura, rosa, branco e amarelo.

Inspirados nas bandeiras Wiphala e Mapuche (bandeiras da luta por independência dos povos originários da América Latina), esboçamos/rascunhamos "brincativamente" uma bandeira de Pindorama ( a partir das cores do ipê). "Brincativo" é o nome que o poeta Manoel de Barros dá ao criar libertário e insubmisso que não perde o que Espinosa chama de "potente alegria".



-bandeira Mapuche:


-bandeira Wiphala:






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