sábado, 2 de março de 2019

o albatroz, o oceano e as ilhas desertas...


Quando atravessa o oceano o albatroz é capaz de ficar   no céu dias a voar, pois nesse tipo de travessia ele nunca sabe quando encontrará um lugar para pousar. Voar assim só ousa  quem confia em suas asas. Os pássaros de asas menores voam apenas nos limites do litoral , no máximo se aventurando às ilhas próximas já por eles conhecidas. Mas o  albatroz precisa de asas gigantes , do tamanho de sua travessia. As asas do albatroz são tão imensas  que, no solo,  ele nunca consegue recolhê-las totalmente : elas  foram feitas para explorarem o céu ,  não para se acomodarem ao chão rasteiro. Cientistas descobriram recentemente que o cérebro do albatroz inventou uma estratégia para realizar sua corajosa “linha de fuga” : enquanto o albatroz voa sobre o oceano , metade do seu cérebro dorme, ao passo que  a outra metade fica em vigília; um olho sonha, o outro ao horizonte mira. Durante a travessia, a metade do cérebro que sonhava  desperta  renovada,  deixando   ir sonhar a outra metade que, acordada,  ao mundo externo percebia. Porém se engana quem pensa que  é na metade do cérebro  que vê a realidade dada que o albatroz se  fia, pois  quem se desterritorializa sobre oceanos é na sua parte que sonha  que ele  se orienta e confia. O albatroz só encontra pouso quando acha, no meio do oceano, ilhas desertas nunca antes vistas.

“Poesia é voar fora da asa” (Manoel de Barros)
“Sonhar é acordar-se para dentro” (Mário Quintana)




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