A BUSCA[1]
Atribui-se a Platão a
célebre distinção entre o filósofo e o
sábio. O sábio é aquele que possui a sabedoria, ao passo que o filósofo é
aquele que a busca. O sábio é um personagem cuja luz vem das misteriosas estrelas do céu noturno do Oriente, já o filósofo está em busca da
aurora do sol nascente.
Muito se fala da Sabedoria
enquanto objeto que o filósofo busca, e do próprio filósofo, aquele que a
busca. Mas pouco se dá atenção ao que
está entre a Sabedoria e o filósofo: a própria busca, o desejo de buscar. É na natureza desse buscar
que se encontra o sentido existencial da
filosofia como modo de vida.
O filósofo não busca
fama, poder, dinheiro , ouro : ele não busca nada que os homens do senso comum
consideram digno de busca. O filósofo não busca terras desconhecidas ou paisagens
ainda não pisadas para se conquistar e ser o dono , ele busca realidades cuja descoberta e conquista dependem ,
primeiro, da descoberta e conquista de si mesmo.
O filósofo não busca
porque está perdido, ele busca porque já se encontrou: ele se encontrou na própria
busca pela sabedoria , busca essa que se mede pelo quanto que nela se avançou :
“O andarilho abastece de pernas as distância”, filosofa o poeta-pensador Manoel
de Barros.
O filósofo não busca a
sabedoria apenas lendo livros de filosofia, pois mesmo numa pintura, numa música
, num filme, num poema, numa obra literária e até mesmo no desenho colorido de
uma criança, ele sabe achar o caminho que o conduz à sabedoria.
O filósofo não busca a
sabedoria apenas com a mente, tal como faz o mero teórico, nem apenas em
palavras, como o propagandista-retórico; o filósofo busca a sabedoria com a
mente e com as palavras , sem dúvida, porém ele também a busca com o coração, enquanto sede do Afeto
Transmutador, e ainda mais ele a busca com suas ações e práticas.
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