Hoje, “lawfare” é uma perseguição político-jurídica
patrocinada por uma elite econômica mancomunada com a (extrema)direita que , com a cumplicidade da
mídia corporativa e juízes vendidos, usam a lei como substituta da força bruta para
perseguir e prender aqueles que, progressistas, atuam pela justiça social e dignidade .
Mas a prática do lawfare, com outros personagens persecutórios,
tem origem mais remota. E sua primeira vítima foi Sócrates, o filósofo.
Os poderosos de Atenas usaram a lei
para prender e condenar Sócrates à morte pela ingestão de um veneno: a cicuta.
Mas qual crime Sócrates cometeu ?
Sócrates não roubou , furtou ou coisas do gênero. O “crime” que Sócrates
cometeu foi : pensar. As armas de
Sócrates não foram flechas ou lanças , suas armas foram as ideias que ensejam
o pensar crítico em relação a tudo
aquilo que torna o ser humano servo da (auto)ignorância.
Quando Sócrates foi preso, Platão
ainda era um jovem que pensava em seguir a carreira de escritor teatral.
Porém quando ele viu Sócrates , considerado o homem
mais sábio e justo, ser assassinado pela lei transformada em chibata
persecutória nas mãos da elite, Platão resolveu seguir os passos de Sócrates e
se tornar filósofo.
Mas com uma diferença fundamental: enquanto
Sócrates achava que para mudar a sociedade é preciso mudar, primeiramente, cada
ser humano individualmente, Platão considerava que, antes de tudo, é preciso
mudar a sociedade primeiro para assim mudar cada ser humano individualmente.
Enfim, Sócrates pretendia mudar cada ser humano pelo despertar da
consciência moral, já Platão queria ensinar e pôr em prática, coletivamente, a
consciência filosófico-política.
Esse projeto político-filosófico
levou Platão a escrever o livro “A República”, pois onde domina a tirania, seja a das armas ou a do dinheiro, o pensar emancipador sempre
será perseguido.
República significa: “coisa pública”, por oposição às coisas
privadas. As coisas privadas podem ser compradas ou vendidas, mas as coisas
públicas somente podem ser partilhadas. Educação, saúde, justiça...são coisas
públicas, e nada têm a ver com a lógica privatista do comprar e vender.
Quando uma elite gananciosa se pretende
dona-proprietária da sociedade, ela
exercerá o poder subordinando o interesse público aos seus interesses privados,
inclusive empregando a força de polícias, exércitos ,milícias...
Sob tal poder, a lei virará também objeto de
um comércio sujo, no qual juízes e promotores serão vendidos e comprados,
enquanto pensadores, educadores e
artistas serão ameaçados e perseguidos.
Ontem e hoje, o antídoto para cicutas
, literais ou simbólicas, é a educação-pensante
que leve às crianças e jovens filosofia, sociologia, artes e educação
política .
( esta é uma excelente dica para
despertares filosóficos: direcionado para crianças e jovens, o livro conta a
história do encontro de Espinosa com um pequeno pardal que ele vê caído fora do
ninho. O filósofo levou o pardal para casa, cuidou e o alimentou com pão e ideias, até que, com as asas fortalecidas, o pardal voou livre para
a natureza. Espinosa deu o seguinte nome ao seu amigo-pardal: o Rebelde)
Texto da contracapa: “Bento Espinosa foi
um dos mais importantes filósofos de todos os tempos e um homem livre. Este
livro relata a história de amizade entre o filósofo e um pardal que foi
testemunha do seu trabalho e do seu modo de vida. É possível e desejável falar
sobre filósofos e filosofias com os mais novos, porque eles compreendem com
sensibilidade e espírito inquiridor as grandes questões que desde sempre
preocupam o Homem. Este é um livro sobre a liberdade e a amizade, uma história
sem idade e para todas as idades, onde a poesia também faz questão de estar
presente.” Oficina dos Sonhos
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