sábado, 10 de dezembro de 2022

lawfare , cicutas e seu antídoto

 

Hoje, “lawfare” é uma perseguição político-jurídica  patrocinada por uma elite econômica mancomunada   com a  (extrema)direita que , com a cumplicidade da mídia corporativa e juízes vendidos, usam  a lei como substituta da força bruta para perseguir e prender aqueles que, progressistas,  atuam pela justiça social e dignidade .

Mas a prática do  lawfare, com outros personagens persecutórios, tem origem mais remota. E sua primeira vítima  foi Sócrates, o filósofo.

Os poderosos de Atenas usaram a lei para prender e condenar Sócrates à morte pela ingestão de um veneno: a cicuta. Mas qual crime Sócrates cometeu ?

Sócrates não roubou , furtou   ou coisas do gênero. O “crime” que Sócrates cometeu  foi : pensar. As armas de Sócrates não foram flechas ou lanças , suas armas foram as ideias que ensejam o  pensar crítico em relação a tudo aquilo que torna o ser humano servo da (auto)ignorância.

Quando Sócrates foi preso, Platão ainda era um jovem que pensava em seguir a carreira de escritor teatral.

Porém  quando ele viu Sócrates , considerado o homem mais sábio e justo, ser assassinado pela lei transformada em chibata persecutória nas mãos da elite, Platão resolveu seguir os passos de Sócrates e se tornar filósofo.

 Mas com uma diferença fundamental: enquanto Sócrates achava que para mudar a sociedade é preciso mudar, primeiramente, cada ser humano individualmente, Platão considerava que, antes de tudo, é preciso mudar a sociedade primeiro para assim mudar cada ser humano individualmente.

Enfim, Sócrates  pretendia  mudar cada ser humano pelo despertar da consciência moral, já Platão queria ensinar e pôr em prática, coletivamente, a consciência filosófico-política.

Esse projeto político-filosófico levou Platão a escrever o livro “A República”, pois onde domina a tirania,  seja a das armas ou  a do dinheiro, o pensar emancipador sempre será perseguido.

República significa:  “coisa pública”, por oposição às coisas privadas. As coisas privadas podem ser compradas ou vendidas, mas as coisas públicas somente podem ser partilhadas. Educação, saúde, justiça...são coisas públicas, e nada têm a ver com a lógica privatista do comprar e vender.

Quando uma elite gananciosa se pretende  dona-proprietária da sociedade, ela exercerá o poder subordinando o interesse público aos seus interesses privados, inclusive empregando a força de polícias, exércitos ,milícias...

 Sob tal poder, a lei virará também objeto de um comércio sujo, no qual juízes e promotores serão vendidos e comprados, enquanto  pensadores, educadores e artistas serão ameaçados e perseguidos.

Ontem e hoje, o antídoto para cicutas , literais ou simbólicas,  é a educação-pensante  que leve às  crianças e  jovens  filosofia, sociologia, artes e educação política .


( esta é uma excelente dica para despertares filosóficos: direcionado para crianças e jovens, o livro conta a história do encontro de Espinosa com um pequeno pardal que ele vê caído fora do ninho. O filósofo levou o pardal para casa, cuidou e o  alimentou com pão e ideias, até que, com  as asas fortalecidas, o pardal voou livre para a natureza. Espinosa deu o seguinte nome ao seu amigo-pardal: o Rebelde)



Texto da contracapa: “Bento Espinosa foi um dos mais importantes filósofos de todos os tempos e um homem livre. Este livro relata a história de amizade entre o filósofo e um pardal que foi testemunha do seu trabalho e do seu modo de vida. É possível e desejável falar sobre filósofos e filosofias com os mais novos, porque eles compreendem com sensibilidade e espírito inquiridor as grandes questões que desde sempre preocupam o Homem. Este é um livro sobre a liberdade e a amizade, uma história sem idade e para todas as idades, onde a poesia também faz questão de estar presente.” Oficina dos Sonhos




 

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