domingo, 30 de setembro de 2018

o altar


A literatura é o esforço para interpretar engenhosamente os mitos
 que não mais se compreende, por não sabermos mais sonhá-los ou produzi-los. 
Deleuze


Os gregos não tinham  religião com Dogmas escritos , Mandamentos , Leis ou coisas assim. Os gregos possuíam altares para vários de seus deuses: Atena, Zeus, Apolo...menos para Dioniso, pois este deus não aceitava altares ou templos: ele morava apenas nos caminhos, como deus-itinerante, andaleço-nômade.  Mas também havia um altar com este nome: “Ao Deus Desconhecido”.  Tal Deus  Desconhecido não era um deus que um dia seria conhecido. Também não era  um deus do qual  se ignorava a existência ainda. O Deus Desconhecido tinha por   essência  ser desconhecido eternamente, o que não impedia que fosse aceito e amado, não menos que os deuses  conhecidos. Desse Deus Desconhecido não podia nascer fanatismo , nem alguém  imaginando  falar em nome dele para combater quem acreditava em deuses diferentes. Mais do que mera questão religiosa, tal prática de tolerância também expressava a índole democrática daquele povo.  
No altar dedicado ao Deus Desconhecido não havia imagem   ou estátua com identidade única e padronizada. Havia apenas flores  de todas as cores emoldurando  uma superfície espelhada na qual cada um podia ver refletido o próprio  rosto .
                                                                                                                                             





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