(Afrodite manda chamar Eros, o Deus do Amor, que era seu servo. Dirigindo-se
a Eros, Afrodite ordena) :"Quero que você vá onde vivem os homens,
encontre uma jovem chamada Psiquê ( Alma) e atravesse o coração dela com sua flecha .
Faça Psiquê se apaixonar pelo homem mais pobre, burro e feio que houver em toda
Grécia..."
O Amor nunca havia visto antes a
Alma. Afrodite esquecera-se desse detalhe, pois o que poderia acontecer nesse
encontro entre o Amor e a Alma? Apenas ouvir falar da Alma não é conhecê-la. A Alma somente
pode ser conhecida diretamente, sem intermediários. Então, o Amor achou a Alma, Eros conheceu Psiquê... O Amor sentiu
nascer dentro dele um outro, esse outro era o Amor mesmo, porém potencializado,
mais amor do que nunca. Enquanto o amor
por Afrodite ( símbolo da beleza do
Corpo) submetia Eros a caprichos narcísicos exigidos pelo ser amado, esse amor
nascido do encontro com a Alma o fazia voltar-se para si mesmo e descobrir um desejo que não se esgota na posse e no
imediato .O Amor percebeu então que ele podia ser reinventado, experimentar uma
nova maneira de ele ser . E que ele próprio, o amor, desconhecia tudo o que o
amor pode. A união dele com o Corpo era
exterior ; contudo, o Amor sentia que para se unir à Alma ele deveria morar dentro dela:
cada um seria no outro, sem carência ou falta. Psiquê não está nos céus, nem no
Olimpo, nem nos livros. Ela vive dentro do homem. Ela nasceu ninguém sabe como,
pois onde menos se espera , mesmo no meio da indigência e da miséria, ali nasce ela, pondo no mundo um novo poeta. Ela
não nasceu divina, nasceu humana. Mesmo assim fez nascer no Amor um ser novo, que era o
Amor mesmo com olhos outros, diferentes,
capazes de verem o que se esconde de
belo nos homens, apesar de toda feiura que eles frequentemente são, dizem e fazem.
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