sexta-feira, 7 de setembro de 2018

logomarca e poder


O discurso não verbal das imagens e cores  às vezes revela o que  o discurso verbal tenta escamotear, como exemplifica  esta logomarca:  o “Brasil” está escrito todo  em  branco , sem o colorido multicultural e étnico de nosso povo , revelando a visão elitista  dessa mentalidade “Casagrande”, a mesma de   certos candidatos à presidência.  Tiraram a abóbada azul celeste  do céu que nos cobre e horizonta , no lugar colocaram  uma  esfera de pesado  azul metálico a representar uma Ordem e Progresso  passando por cima como um rolo compressor autoritário .  Além de projetar   uma sinistra sombra,   tal esfera tem um lado que não se mostra ,uma face oculta:  “Ordem e Progresso”  parece ser só  uma  fachada para esconder o que está atrás e se dissimula. O corpo esférico azul-masculino, a serviço  também do  machismo,  coloca-se  acima da vogal que tem o som mais aberto e colorido  que existe no alfabeto, a vogal “a”,    a mais feminina das letras, pois indica o feminino na terminação das palavras. O Brasil não está de pé, ele está meio derrubado, parecendo   a esfera  sinistra    uma bola  de  ferro que  o mantém  aprisionado. Excluíram o verde de tal logomarca , fato que revela o que essa mentalidade genocida  pensa acerca  da  floresta onde vivem os índios. Surrupiaram ainda o amarelo,  a cor do ouro,  símbolo da riqueza comum de todos.
 Outro fato revela o discurso antipovo desta logomarca:  a  bandeira brasileira  tem 27 estrelas, cada uma simbolizando um estado e  o Distrito Federal. Mas nesta logomarca há apenas 22 estrelas! Não por acaso, excluíram 5 estrelas, todas de estados pobres...
Neste 7 de setembro lembrei de Manoel de Barros e Espinosa quando o poeta e o filósofo dizem quase a mesma coisa:  não é livre uma independência que tem algemas. Algemas não são feitas apenas de ferro, algumas são feitas de ódio.



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