sexta-feira, 14 de setembro de 2018

letras e política


Minhas palavras não se ajuntam por sintaxe, mas por afeto.
(Manoel de Barros)

Uma letra diz mais sozinha ou agenciada à outra, formando uma sílaba? Uma letra diz mais sozinha ou em uma sílaba que faz parte de uma  palavra? Uma letra diz mais sozinha ou em uma sílaba que faz parte de uma palavra que fala uma mentira? Uma letra diz mais sozinha ou em uma sílaba que faz parte de uma palavra que diz uma verdade?  Uma letra diz  mais  sozinha ou em uma sílaba que faz parte de uma palavra que xinga? Uma letra diz mais sozinha ou em uma sílaba que faz parte de uma palavra que canta? Se você fosse uma letra, que tipo de palavra ajudaria a  formar: a que mente ou a autêntica? A que xinga ou a que canta?
Se uma letra fosse como o ego de um egoísta, talvez ela imaginasse que é o indivíduo isolado que  tem primazia, tal como pensa  um neoliberal individualista. Porém louca seria a letra que  julgasse  dizer mais sozinha do que fazendo parte de uma   sílaba, na vida de uma  palavra, no coração de uma frase , dando existência a  um livro. Pois é na imanência de um  livro, como parte de seu plural sentido, que uma letra de fato pode ampliar-se e expressar  a si mesma naquilo que expressa  o livro, desde que o livro não seja apenas letras mortas no papel ,  mas expressão de um  dizer vivo :  libertária “obra aberta” .



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