Em sua entrevista ao JN, Lula evocou
um belo e riquíssimo pensamento do educador
Paulo Freire : “É preciso nos unir aos divergentes para vencermos os
antagônicos”.
Toda divergência expressa uma
diferença que , afirmando-se, discorda. A palavra “discórdia” tem como raiz o termo “córdis”: “coração”.
Assim, discordar é “não colocar nosso
coração ” junto às ideias e
palavras que alguém nos diz; “concordar”, ao contrário, é colocar nosso coração
junto às ideias de alguém, partilhando-as.
Pessoas que pensam diferente sabem se
unir quando as move um concordar primeiro: o do valor da democracia enquanto
afeto que, antes de tudo, preenche seus corações . “Coragem” significa: “força
que vem do coração”. É essa força que move o agir daqueles que pela democracia
se unem e lutam.
Quem de fato põe seu coração na
democracia e a democracia no seu coração, sabe se unir àqueles que têm da
democracia uma perspectiva diferente . Pois é isto a democracia: a convivência
de perspectivas diferentes.
Quem concorda que a democracia é o
melhor regime político sabe discordar e divergir , sem ter ódio, de quem tem
visões diferentes da democracia . Pois a democracia é exatamente o regime que
se enriquece com visões diferentes ,
sendo a base da educação que liberta
ensinando a autonomia.
Já o antagônico é aquele que, antes de tudo, nega a
democracia. Por odiar a democracia, vê
como inimigo quem a ama e defende. Seu
ódio à democracia é rancor contra a diferença e pluralidade de perspectivas.
Quem concorda com o valor da
democracia sabe se unir a quem pensa
diferente. Mas os antagônicos se juntam apenas com antagônicos, sempre
fazendo do rebanho homogêneo o modelo de
agrupamento.
Os divergentes se unem pelo amor à
democracia ; já os antagônicos se
arrebanham pelo ódio ressentido que
preenche o vazio de seus corações
rancorosos.
(
foto de Lula: fotógrafo Ricardo Stuckert)
Um comentário:
Na construção, a poesia.
A ousadia de ser é, em si, irreversível, quando a pessoa vislumbra, na luz do amanhecer, para além da penumbra, o seu próprio vir-a-ser. O novo, então, é possível! Construtor, solidário, lutador, libertário; desde logo vai saber: Ousar Ser! Ousar Fazer!
Eis que é irreversível, a consciência que nasce naquele que salga o pão com seu suor, com sua mão: a consciência de classe.
Ah! Nada nos será impossível! Somos nós os produtores de toda a riqueza e o saber. Então, façamos de nós condutores do mundo que ousarmos fazer.
E como é previsível: Não sem dor virá o novo, mas será feita em alegria a libertação de todo povo que ousar construir esse dia. No horizonte, o novo mundo já é visível... juntos, o construiremos.
Morto o olhar de quem fomos desde logo nos sabemos.
Trabalhadores, eis o que somos !
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