Nada contra e-mails, zaps,
tuiters...Mas o que amo mesmo são as cartas, sobretudo as escritas à mão.
Tive a alegria de trocar algumas
cartas com o poeta Manoel de Barros. Ele mesmo confecciona o papel, e as letras
dele parecem caminho de formiga...rs...
O poeta me disse que é pelas cartas,
e não por fotos posadas, que a gente conhece de verdade, através da letra, o
espírito da pessoa.
Muitos filósofos escreveram cartas
para expressarem suas ideias mais íntimas, ideias que não são apenas teóricas ,
pois as cartas não são livro ainda, elas se parecem mais com palavra viva para ser ouvida do que com palavra escrita para ser apenas lida.
As cartas são conversas,
agenciamentos e desejo de trocar com o outro. Tiranos não escrevem cartas, eles
ditam ordem arbitrárias; milicos também não escrevem cartas, eles emitem
comandos a subalternos.
Aprecio mais divindades que suscitam
epístolas do que deuses sisudos que decretam Mandamentos...
Uma carta é feita de mensagens,
mensagens com as quais podemos concordar ou discordar, responder ou silenciar;
mas nunca uma carta é veículo de ordens para serem obedecidas de forma servil.
Toda Constituição um dia foi uma
carta escrita coletivamente por um povo que, saindo da passividade, resolveu
escrever sua própria história.
Quando a democracia corre riscos, as
cartas políticas devem conter as vozes da
indignação, chamamentos à ação e ,em coro, um basta!
Um basta dito com firmeza que chegue
aos ouvidos dos tiranos.
11 de agosto: leitura pública da
Carta em Defesa da Democracia acompanhada de
Atos em todo o Brasil. Na imagem, Ato da Associação Nacional dos Docentes do Ensino Superior (ANDES) e da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO).
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