Ouvi certa vez a seguinte história de
autoria popular ( que aqui parafraseio e interpreto): de um lado estava São
Francisco, do outro o Diabo. Separando a ambos , um muro; e em cima do muro estava alguém que se dizia “Neutro”.
Francisco disse ao “Neutro”: “- Venha para este lado, aqui há luz e empatia pela vida do outro.”
Do lado
oposto do muro , porém, o Diabo permanecia calado.
Vendo
o “Neutro” ainda indeciso e
parado, Francisco prosseguia : “-
Venha se juntar a nós , Buda também está aqui; também estão Lao-Tsé,
Confúcio, Orixás , Tupã,
Mães-de-Santo, pajés ... Bem como todos
aqueles que, tendo ou não religião,
agiram para defender e libertar
os oprimidos e injustiçados.”
Estranhamente, o Diabo seguia mudo,
ele que gosta tanto de se vangloriar...
Então, Francisco levantou a cabeça ,
olhou sobre o muro e indagou ao que reinava na treva do outro lado : “- Por que você permanece
calado?”
“- É que esse muro onde o ‘Neutro’
está instalado pertence a mim”, disse o Diabo.
Do certo lado do muro, o poeta Manoel
de Barros assim poetizou: “São Francisco monumentou os passarinhos.”
(obs: A postagem se apoia mais no personagem social-popular Francisco, um personagem da literatura de cordel , e não na figura religiosa. Não é tratado o tema do ponto de vista de uma religião. Inclusive , dei a entender que do lado do muro onde está o personagem Francisco também podem estar agnósticos e até ateus)
(imagem: montagem
semelhante circula pela web. Mas como não consegui identificar a autoria,
acabei produzindo uma versão. A foto de Lula é de autoria do fotógrafo Ricardo
Stuckert)
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